Lícinia era branca que nem um capote...
Sabe desses que por não se lavar no inverno
Acabam por ficar encardidos?
Pois era o encardido
Mais bonito do mundo todo, sabe?
Com aquele monte de sardas
(Se cada sarda fosse uma estrela
O rosto dela seria a Via Láctea...)
E o cabelo? Dum amarelo quase ouro
(Será que ouro tem cabelo?)
Que quando faziam duas tranças...
E os olhos? Eram uma disputa feia
Se eram o mar daqui mesmo
Ou se eram o céu de lá longe...
Pois ela era isso e isso mesmo...
Poderia ter tido outra cor
(Muito brasileira como qualquer outra,
Gostava de samba, futebol
E depois de grandinha, cerveja...)
Que continuaria encantadora assim...
Cadê ela? Pra onde ela foi?
Sei lá eu, a corrente do tempo
Acaba encegando a gente, meu bom,
Só me restou um pouco disso aqui...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário