Um quê místico
Marcas de sua pele
Um exército de memórias
Umas e outras
Pois não?
São precisos alguns olhos
Mesmo que invente
Alguns deles agora
Tudo é simples
Como uma espuma
Que descerá
Garganta abaixo
Mestres do Nada
É o que somos
Estruturas avessas
Que temos sempre
Quanto houver mais
Haverá bem menos
Carpiremos no riso
Apontar os dedos
Para pecados pessoais
Em caso de dúvida
Quebre logo esse vidro
O nosso ridículo faz parte
Toda podridão existente
É de minh'alma
Fiz vários cortes nela
E não me arrependi
Os marionetes choram
Mas acabam obedecendo
Um roteiro suicida
Sem letra alguma
Mais com muitos likes
Num caderno sujo
Coloquei as receitas
Copiosamente copiaram
O novo endereço
Nem a tristeza
Agora tem um nome
É uma sinonímia total
As duas se beijam
Depois beijam rapazes
Os lobos uivam
Canções fora de nota
A primeira dose é a partida
A segunda dose é o vício
A estrela caída dos céus
Um pássaro sem asas
Os óculos quebrados
E os demais vidros
Valentia disfarçada
De qualquer covarde
Erros todos ensinados
Almofada sob os quadris
Palavras agora repetidas
Tudo está sob a sombra
O programa tem suas falhas
Navalhas cortam demais
O chão tudo conhece
Talvez menos frio
Para minha fogueira
Formigas de folga
Todos os desenhos do mundo
Um quê místico
Marcas de sua pele
Por que não?...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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