Sem antibiótico para minhas feridas inflamadas
(Deve ter sido essa fumaça que dá nojo)
Eu entro na fila da sopa clamando misericórdia
Enquanto tento entender alguma filosofia
(Onde foi que eu amarrei meu unicórnio?)
Com o mesmo chinelo velho e gasto no pé
(O defunto calçava o mesmo número que eu)
Toda conclusão que tentamos usar lógica
Acaba em seu resultado mais que desastroso
(Tem gente que acaba bebendo o mundo e para)
Eu fico cabreiro em ver tantos versos fúteis
(A futilidade sempre acerta no peito ou na barriga)
Escuto algumas danças da chuva de índios urbanos
E mesmo assim teimo em roer meus próprios ossos
(Até aí não tem quase nada demais, certo?)
Todas as mentiras partem do ponto de partida
(Toda sala de estar tem que ter seu tapete)
Eu não sou de porra nenhuma de lugar nenhum
E por isso mesmo conheço cada detalhe sórdido
(Finjo que olho para o outro lado por pura arte)
Todo fracasso também é uma espécie de vitória
(Enquanto outros compromissos pesam ainda mais)
Eu quero a sorte de encontrar um maço quase vazio
Que tenha um cigarro que alguém acabou esquecendo
(E mostrar como sou educadamente mal-educado)
Ninguém presta senão por aquilo que tem
(Falam o inverso mas acabam mentindo acerca)
Eu posso gostar até daquilo que nunca gostei
Tudo acaba mudando sem que ninguém veja isso
(Não mando ninguém pro inferno por ser elogio...)
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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