Chama ardente e veloz
de minha súplica sem voz
O que será de mim?
Tudo acabou antes do fim...
Sem dor mas dor atroz
Bicho manso e feroz
O que será de mim?
O cemitério é um jardim...
Fujo do meu algoz
Fujo até de nós
O que será de mim?
Tudo acaba tudo tem fim...
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Eu costumo gritar
na maioria das vezes
sem ter medo algum
como um cachorro assustado
que fica ganindo
se um estranho chega perto...
Também saio correndo
pulando os muros
da minha falsa coragem
como um gato arisco
que tem medo
de tudo o que esteja perto
ou então se mova...
Sou como os pombos da cidade
que voam sem bando
até sem motivo...
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Uma lua, uma rua
Quase minha, quase sua
Eu mesmo me desafio
Saltando em todos abismos
Mergulho salto mortal
Milhares de estrelas
Que eu coloco em seus cabelos
Uma lua, uma rua
Quase minha, quase sua...
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Era um dia desses... Onde estarei eu?
Talvez entre o tumulto de ruas e pessoas
Me procurando...
Estarei pelas calçadas
Admirando tanto desabrigo?
Certamente meus olhos arregalam,
Não consigo aguentar
Tanta alheia tristeza...
Era um dia desses... Onde estarei eu?
Talvez entre o riso e o choro de todos
Me procurando...
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Eu vou tentar esquecer o que puder
esquecer de você e esquecer de mim
Vou silencioso me entregar ao carrasco
que ele corte depressa a minha cabeça
Acabou tudo tudo está tão longe
e a cinza cobre suavemente o que restou
Tentarei esquecer seu nome de uma vez
e se mentir por isso não tenho culpa
Eu vou tentar esquecer de uma vez só
esquecer de você e esquecer de mim...
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A carne apodreceu
Soltou dos ossos
E um sorriso debochado
E sinistro é o que tenho
Conto para eu mesmo
Histórias macabras
Mas eis que não há medo
O meu maior medo
Sou eu mesmo...
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Menino de vermelho e preto
menino atentado como poucos
Eu brinco com fogo e não me queimo
Eu mexo na água e não me molho
Não irei atrás de passarinhos
tenho um pouco deles comigo
Subo nas goiabeiras
e ainda gosto de brincar de nuvens...
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