Tatuagens vulgares
e chicletes mais ainda...
A fatalidade escondida
como se normalidade fosse...
O mundo não acabará
Mas somos nós que sim...
As tuas rugas invadirão
a pele agora lisa e macia
e tanto teus cabelos
quanto teus lindos pelos
ficarão da cor sem cor...
Quando a percepção chegar
só a palavra tarde mandará...
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Eu tenho tempo, não tenho
eu tenho chance, não tenho
tenho tudo que tenho,
nada mais do que isso...
Palavras ainda vão sair
da minha pobre boca
e não sei onde irão parar,
mas as dos olhos, estas sim,
irão percorrer todas as terras
de todos os países...
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Quase todos os poetas não possuem tempo,
só eu, este velho poeta solitário,
preso aqui neste usado andador...
Esse muro que protege o meu quintal,
tornou-se ao mesmo tempo,
os muros de uma triste prisão...
Sei que muito acontece lá fora,
mas não testemunho mais nada,
olhos e ouvidos são quase inúteis...
Quase todas as pessoas não possuem tempo,
só eu, que nem sei mais se sou pessoa
ou apenas um sonho que esqueceu de acabar...
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O que está acima,
o que está abaixo,
tudo gira e para no mesmo lugar...
Ser cruel como as flores
ou pesado feito a luz é tão normal...
Toda filosofia é louca
e a loucura tão normal...
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Os abutres sobrevoam os corpos...
A mídia faz cara de consternada
enquanto festeja todas as tragédias...
Estamos num mundo sujo
onde a sujeira foi colocada sob o tapete...
Os censores almoçam a liberdade
e o crime come os restos na janta...
A mentira vem sobre drogados e bêbados,
agora é mais que comum...
A apatia usa sua roupa de marca,
ter pena da tristeza é uma doença mortal...
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Mais idiotas do que nunca
marchamos como meninos obedientes...
Mais assustados do que nunca
trancamos a porta e ficamos quietinhos...
Mais desesperados do que nunca
trocamos nosso valor por notas falsas...
Trocamos nossos papéis
e nem percebemos: éramos heróis e agora, vilões...
Não estranhe se ao passar na rua
ver alguém que está chorando estar rindo...
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Talvez eu consiga esse intento
envelhecer
envelhecer
envelhecer
ao ponto de recuperar
a inocência das crianças...
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