sexta-feira, 4 de março de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 135

 


Tatuagens vulgares

e chicletes mais ainda...

A fatalidade escondida

como se normalidade fosse...

O mundo não acabará

Mas somos nós que sim...

As tuas rugas invadirão

a pele agora lisa e macia

e tanto teus cabelos

quanto teus lindos pelos

ficarão da cor sem cor...

Quando a percepção chegar

só a palavra tarde mandará...


...............................................................................................................


Eu tenho tempo, não tenho

eu tenho chance, não tenho

tenho tudo que tenho,

nada mais do que isso...

Palavras ainda vão sair

da minha pobre boca

e não sei onde irão parar,

mas as dos olhos, estas sim,

irão percorrer todas as terras

de todos os países...


...............................................................................................................


Quase todos os poetas não possuem tempo,

só eu, este velho poeta solitário,

preso aqui neste usado andador...

Esse muro que protege o meu quintal,

tornou-se ao mesmo tempo,

os muros de uma triste prisão...

Sei que muito acontece lá fora,

mas não testemunho mais nada,

olhos e ouvidos são quase inúteis...

Quase todas as pessoas não possuem tempo,

só eu, que nem sei mais se sou pessoa

ou apenas um sonho que esqueceu de acabar...


...............................................................................................................


O que está acima,

o que está abaixo,

tudo gira e para no mesmo lugar...

Ser cruel como as flores

ou pesado feito a luz é tão normal...

Toda filosofia é louca

e a loucura tão normal...


...............................................................................................................


Os abutres sobrevoam os corpos...

A mídia faz cara de consternada

enquanto festeja todas as tragédias...

Estamos num mundo sujo

onde a sujeira foi colocada sob o tapete...

Os censores almoçam a liberdade

e o crime come os restos na janta...

A mentira vem sobre drogados e bêbados,

agora é mais que comum...

A apatia usa sua roupa de marca,

ter pena da tristeza é uma doença mortal...


...............................................................................................................


Mais idiotas do que nunca

marchamos como meninos obedientes...

Mais assustados do que nunca

trancamos a porta e ficamos quietinhos...

Mais desesperados do que nunca

trocamos nosso valor por notas falsas...

Trocamos nossos papéis 

e nem percebemos: éramos heróis e agora, vilões...

Não estranhe se ao passar na rua

ver alguém que está chorando estar rindo...


...............................................................................................................


Talvez eu consiga esse intento

envelhecer

envelhecer

envelhecer 

ao ponto de recuperar

a inocência das crianças...


...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...