Pela morte dos soldados,
pais-de-família desterrados,
pelas bombas que caem,
pelos sonhos que saem
porta afora sem despedida,
quem vai pagar pela vida?
E a minha alma enlouquece, as cenas passam na televisão enquanto o mal escarnece de qualquer uma compaixão...
Pela cobiça dos generais,
tantos funerais,
pelos prédios que desabam,
pelos sonhos que acabam
sem encontrar qualquer saída,
quem vai pagar pela vida?
E a minha carne embrutece, o delírio da corrupção enquanto a chama arrefece dentro do meu coração...
Pelos tratados desfeitos.
monstros perfeitos,
pelos meninos que morrem,
pelos sonhos que correm
pois já foi aberta a ferida,
quem vai pagar pela vida?
E o meu pesadelo cresce, o carro da história na contramão enquanto o próprio Deus padece crucificado na solidão...
Pelas mulheres violadas,
inocências roubadas,
pelos apelos não ouvidos,
pelos sonhos já engolidos
pois a fera quer comida,
quem vai pagar pela vida?
E a minha lógica se estarrece, não existe mais explicação para tanta a pomba que desce e cai morta no chão...
Pela morte dos soldados,
todos homens desgraçados,
pelos gestos malditos,
pelos sonhos mais bonitos
que acabaram sem despedida,
quem vai pagar pela vida?...
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