sábado, 19 de março de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 148

 

Mandem-me notícias logo!

Se a alegria retornou para a praça,

Se os brinquedos foram espalhados pelo chão,

Se os meninos sorriram novamente,

Se há dança e canto e ternura,

Se o contentamento por fim chegou...

Quero saber, estou ansioso,

Me digam se a poesia acabou de voltar,

Se a rosa finalmente se abriu,

Se as folhas continuam verdes,

A mentira escondeu o rosto com vergonha,

Se os homens se tornaram mais humanos...

Mandem-me notícias logo!...


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Acabo de inventar uma nova invenção

Fiquemos em volta da fogueira

Contando histórias sem propósito

(Escolhidas bem ao acaso...)

Até que a noite vá avançando

E o sono venha sem percebermos

Fazendo pesar nossos olhos...


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Eu tenho um quê e nem sei o porquê

De chorar em todas possíveis opções

Guardo em mim a dúvida e a certeza

Coloco na gaveta a alegria e a dor

Odeio essa dicotomia tão inútil

Mas não há mais nada o que fazer

Se sou ao mesmo tempo céu e abismo?


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Eu esperava tremulamente

Algumas boas notícias vindas de longe

Algumas linhas que pudessem sorrir para mim

O fim de todas as preocupações

Que me fazem apenas mais um desesperado

Mas não será hoje e nem será agora

Hoje deve ser a folga do carteiro

E acabaram nem sequer me contando...


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 Tenha sobretudo certo cuidado

Os opostos sempre acabam se atraindo

Não coloque a bondade feito máscara

As máscaras sempre acabam caindo

Não diga nunca que não tem culpa

Qual de nós afinal não tem um pouco?

A pior de todas as doenças é a apatia

Esse é o pior mal do nosso século


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Eu não farei doze trabalhos

nem tenho pretensões alguma de fazê-los

Esqueço tudo o que existe

num simples piscar de olhos

Prefiro brancas nuvens ao longe

do que margaridas já mortas no ontem

Eu sou aquele que encena tolas paixões

como maus atores em gregas tragédias

Minha plateia agora delira

enquanto divago pesadelos já passados

Não sei se tenho alguma febre

ou apenas achei que estava com alguma

Eu só queria mesmo era colher rosas

e enfeitar esses teus cabelos...


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Deixa esse meu demônio quieto

Que ele continue seu pesado sono

Por todas as possíveis eternidades

Não o convide para festim nenhum

Não lhe peça que faça suas tentações

Não faça que ele abra suas asas

E sobrevoe esta cidade tão triste

Ele foi dormir tarde noite passada

E seu sono não foi dos melhores

Ele ouvia em atento e solene

Os gritos do meu silêncio


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