quinta-feira, 17 de março de 2022

Panicus et Circenses

A fila pra comprar osso

Os fregueses da tripa de peixe

Os gourmets dos pés de galinha...


Inegáveis verdades

De uma miséria maior que a morte...


As senhas pra cocaína

A dona de casa no puteiro

O operário desmaiando de fome...


Ser devorado pelas feras

Agora pode ser até um lucro...


A promessa pra ser quebrada

O político que rouba merenda

O senhorio de uma vaga na sarjeta...


São tantas as guerras

Sobretudo as que nem percebemos...


A vez pra catar lixo

O sexo feito na frente de todos

O matador de aluguel pré-adolescente...


Num país de surdos-mudos

Todo o restante agora está cego...


O remédio pra adoecer

O coveiro tem muito trabalho à fazer

O papa-defuntos agradece a preferência...


A poesia já morreu

Mas ainda desconhece tal coisa...


Os trapos pra nova moda

A nova epopeia de uma futilidade

O comércio quase legal de órgãos...


Acertar o alvo

Não é mais questão de destreza...


O café agora requentado

O vendedor de ilusões está cego

A maldade é a nossa nova temática...


Até os nossos heróis

Agora são canalhas sindicalizados...

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