A fila pra comprar osso
Os fregueses da tripa de peixe
Os gourmets dos pés de galinha...
Inegáveis verdades
De uma miséria maior que a morte...
As senhas pra cocaína
A dona de casa no puteiro
O operário desmaiando de fome...
Ser devorado pelas feras
Agora pode ser até um lucro...
A promessa pra ser quebrada
O político que rouba merenda
O senhorio de uma vaga na sarjeta...
São tantas as guerras
Sobretudo as que nem percebemos...
A vez pra catar lixo
O sexo feito na frente de todos
O matador de aluguel pré-adolescente...
Num país de surdos-mudos
Todo o restante agora está cego...
O remédio pra adoecer
O coveiro tem muito trabalho à fazer
O papa-defuntos agradece a preferência...
A poesia já morreu
Mas ainda desconhece tal coisa...
Os trapos pra nova moda
A nova epopeia de uma futilidade
O comércio quase legal de órgãos...
Acertar o alvo
Não é mais questão de destreza...
O café agora requentado
O vendedor de ilusões está cego
A maldade é a nossa nova temática...
Até os nossos heróis
Agora são canalhas sindicalizados...
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