terça-feira, 1 de março de 2022

Tudo Que Faço

Tudo o que faço, acaba, termina, corrói, o passar destrói...

Passado um segundo não está mais lá. 

O tempo comeu, o vento levou, a dúvida surgiu.

O romance foi escrito e o seu fim não agradou.

A verdade foi contada ao avesso, a mentira venceu...

Tudo o que faço, desmorona, adoece, perde a cor, perde o sabor...

A covardia acabou vencendo a valentia.

A lógica faltou, a estatística falhou, não mais planos.

A bailarina tropeçou e caiu no palco.

Nada é mais do que uma grande farsa...

Tudo o que faço, mofa, azeda, a traça come, dá bicho...

O telhado agora está com goteira.

O carro quebrou, o leite azedou, a comida estragou.

A juventude deixou apenas marcas de tristeza.

A bala perdida agora já foi achada...

Tudo o que faço, dá merda, para no meio, cai e quebra...

Acho que ser humano é que dá nisso.

O brinquedo perdeu a graça, o charme falhou, o tesão correu.

Eu ainda respiro por um milagre.

Não faço ideia se isso compensa...

Tudo o que faço não quero, não posso, não vi...

Tudo que existe some e se transforma em fumaça.

A prece pragueja, a exaltação humilha, a vergonha aparece.

Tenho dúvidas até se existimos ou não.

Podemos ser um pesadelo dentro de outro...

Tudo o que faço me enjoa, me aflige, me adoece...

O corpo é tão frágil quanto a alma.

Um dia dói aqui, outro dia arrefece, fenecemos.

Mas mesmo assim teimo em viver.

Mesmo que isso não seja um bom negócio...

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Poesia Gráfica LXXXVI

T U A T R A N Ç A T O D A D A N Ç A T U D O A L C A N Ç A F E R O Z E M A N S A ...............................................................