Passado um segundo não está mais lá.
O tempo comeu, o vento levou, a dúvida surgiu.
O romance foi escrito e o seu fim não agradou.
A verdade foi contada ao avesso, a mentira venceu...
Tudo o que faço, desmorona, adoece, perde a cor, perde o sabor...
A covardia acabou vencendo a valentia.
A lógica faltou, a estatística falhou, não mais planos.
A bailarina tropeçou e caiu no palco.
Nada é mais do que uma grande farsa...
Tudo o que faço, mofa, azeda, a traça come, dá bicho...
O telhado agora está com goteira.
O carro quebrou, o leite azedou, a comida estragou.
A juventude deixou apenas marcas de tristeza.
A bala perdida agora já foi achada...
Tudo o que faço, dá merda, para no meio, cai e quebra...
Acho que ser humano é que dá nisso.
O brinquedo perdeu a graça, o charme falhou, o tesão correu.
Eu ainda respiro por um milagre.
Não faço ideia se isso compensa...
Tudo o que faço não quero, não posso, não vi...
Tudo que existe some e se transforma em fumaça.
A prece pragueja, a exaltação humilha, a vergonha aparece.
Tenho dúvidas até se existimos ou não.
Podemos ser um pesadelo dentro de outro...
Tudo o que faço me enjoa, me aflige, me adoece...
O corpo é tão frágil quanto a alma.
Um dia dói aqui, outro dia arrefece, fenecemos.
Mas mesmo assim teimo em viver.
Mesmo que isso não seja um bom negócio...
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