Dona Mariquinha,
branquinha, baixinha, com aqueles olhos
tão azuizinhos feitos um céu bonito,
passos miúdos na sala que foi salão...
Nem parece que foi ontem,
dez filhos pra criar e coragem
(tio Nélson era adotado)
e um marido poeta e bêbado
pra poder mesmo não querendo amar...
Dona Mariquinha,
naquele universo de Senhora das Neves,
tudo que o tempo já comeu sim,
filhos que partiram atrás deles,
netos que ficaram velhos tristes
(até o Erasmo foi embora depois da tia)...
Dona Mariquinha,
dentro daquela caixa grande,
meu medo de menino de quatro anos,
não teve nem festa pra mim,
só teve um bolo cortado
onde davam aula de piano,
ah isso eu bem me lembro...
Dona Mariquinha,
lá no céu, quietinha como sempre,
rindo só com os olhos...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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