terça-feira, 8 de março de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 139


 Algumas formigas passeiam atarefadas em seu afã de percorrer o mundo. Cada mundo com seu tamanho, os olhos são quem mede, não há régua para tal feito. Eu mesmo sou a medida de tudo o que possa existir ou não. Algumas moscas gargalham de nossa tentativa inútil de atacá-las. A habilidade só depende da natureza, assim é e assim sempre será. Eu me desabo da altura que conseguir. Não dependo de outras condições especiais, sou o que sou.


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Ele olhou para os lados, observando quase tudo. Sentia um medo instintivo do que estava ao seu redor. Queria estar fora dali, mas era apenas mais escravo daquela metrópole. Cuidado, os carros passam por cima de corpos, acabam com eles. Cuidado, balas perdidas quase sempre são mortais, mesmo evitando. Cuidado, os malandros desta cidade são especialmente malvados, não conhecem pena alguma. Olhou para os lados, observando quase tudo e pedindo então mais um churrasco grego ao vendedor moreno e suado...


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Cães vira-latas, gatos vira-latas, ratos vira-latas, gente também. Vilas feitas de calçadas, todo um ritmo frenético como não deveria ser, mas é. Eu sou a solidão travestida em muitos de uma vez só, a fantasia que tenta enganar e acaba sendo. No meu império existem pombos vadios com olhares enigmáticos. Eu sou a vulgaridade que se apresenta como única. Pouco conheço além de eu mesma. Dessa vez é sério, meu analista não me verá mais em seu consultório.


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Posso parecer comum e até talvez seja. Não quero requinte algum. Água talvez, talvez não. Esqueci as moedas nos outros bolsos da outra calça. Enganos ocorrem sempre, tenho milhares de testemunhas sobre isso. Querer é querer. Velhas histórias e novas teias de aranha nas paredes algo sujas. A poeira é quase invencível. A vida não é nenhum jogo, jogos possuem regras, mesmo quando elas são não ter. Eu tenho a mesma inocência de meio século ou até um pouco mais. Espadas de plástico e varas de condão. Queimei-me, mas em fogueiras de papel e folhas secas, nunca fui condenado pela Inquisição. Toda bandeira deveria ser branca e todo sorriso franco, mas tudo invertido está. Água talvez, talvez não. Você pensa que cachaça é água?


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Cada rosto, um gosto; cada crença, uma sentença; há tantos agostos em muitos fevereiros, haja marços que o digam. Apostarei todas as minhas fichas nisso. Eu ando lentamente como só os rápidos sabem fazer. Sou minimalista ao máximo, como certos brinquedos que carregam evidentes enigmas. A cafeína da noite passada ainda agride meus pobres neurônios. Eu gosto de determinadas palavras, outras tento evitar, mas não consigo. Houve um erro irreversível e certas programações e assim mesmo continuamos até onde der.


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Não há condenações possíveis para todos os erros, inclusive os meus. As palavras possuem certas estratégias relativamente eficazes. Eu engulo o dia em pequenos bocados, é como um menino que come o pão aos poucos. Há muitos segredos sob as areias do nosso deserto e algum sono sobrou para nossas manhãs. Eu me transformo em vários até não poder mais. Não quero copiar ninguém, mas acaba tudo em plágio. O verniz perdeu todo o brilho possível. E minhas construções são mais que esdrúxulas como sempre foram. Não acho isso nada de mais.


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Dia desses quase esqueci as regras e mandei tudo para a puta que o pariu. Quase teimei em não respirar como acontece em certos desenhos. Até os coelhos mudam de orelhas, pode ter certeza. O ontem é inimigo do amanhã e quase não se falam mais. Não uso papel faz tempo, sou sinceramente insincero em minhas sóbrias mentiras. Bocejo sem me afetar com isso. Acordei cedo demais para poder ficar mais tempo sem fazer nada. Nisso eu sou bom. Minhas habilidades até que dão certo de vez em quando. Não andar de bicicleta é uma delas. Nessa eu até sei caprichar.


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Poesia Gráfica LXXXVI

T U A T R A N Ç A T O D A D A N Ç A T U D O A L C A N Ç A F E R O Z E M A N S A ...............................................................