Tento me salvar de certa lógica mesquinha
Mas os faróis todos estão apagados em meu mar
Não sobraram tábuas nos escombros da embarcação
Que tentei capitanear um dia desses quase ontem
O amor me entedia com seus cuidados excessivos
E inúmeros adjetivos acabaram me cansando
Eu sou agora um pobre e miserável burguês
Querendo me envenenar na fila do fast food
Depois tomarei o remédio para a doença
Que eu nunca tive e talvez nunca terei
Perdi a noção de quanto está perdido
E entretanto nem ao mesmo uma linha escrevi acerca
Eu me escondo debaixo do tapete da sala
Antes que a visita chata chegue para me torturar
Queimei todos os livros falavam de falso otimismo
Toda vida é mais dura do que qualquer pedra
E todo sentimento sai correndo como um covarde
Que experimenta bater com o pé na bunda
Faltam-me ideias de qual cor nova devo inventar
Talvez alguns desenhos antigos possam me salvar
Não há mais nada o que fazer senão respirar
Enquanto meu relógio vai ficando bem cansado...
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