Ajoelhados na frente da tela
Tudo é uma metáfora malfeita
O final emocionante da novela
É a nossa morte perfeita...
Parabéns, insanidade
Tolice não tem idade...
De barriga vazia olhos cheios
Queremos o que não teremos
Desesperados entre tiroteios
Há balas perdidas não vemos...
Parabéns, insanidade
O mundo é da maldade...
E o intelectual mais burro
Acaba falando nada com nada
E a fatalidade me dá um murro
E a gente cai na porrada...
Parabéns, insanidade
Me dê esmola por caridade...
O salvador da pátria perde
O bom senso e perde a razão
Todo o perfume agora fede
Mas ainda nos causa emoção...
Parabéns, insanidade
A força é apenas fragilidade...
O canalha agora é acadêmico
Receba logo sua homenagem
E o seu argumento é anêmico
Sintam nas palavras bobagem
Parabéns, insanidade
Podem matar com frugalidade...
A plateia aplaude de pé
Os tiros dados na criança
O carro da história vai de ré
Engolindo a nossa esperança
Parabéns, insanidade
Ninguém conhece a felicidade...
O poeta não é mais nada
Nada também somos nós
Vários corpos pela calçada
Como um deus perdeu a voz
Parabéns, insanidade
Eu nem sei a minha idade...
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