sexta-feira, 1 de abril de 2022

Parabéns, Insanidade

 

Ajoelhados na frente da tela

Tudo é uma metáfora malfeita

O final emocionante da novela

É a nossa morte perfeita...


Parabéns, insanidade

Tolice não tem idade...


De barriga vazia olhos cheios

Queremos o que não teremos

Desesperados entre tiroteios

Há balas perdidas não vemos...


Parabéns, insanidade

O mundo é da maldade...


E o intelectual mais burro

Acaba falando nada com nada

E a fatalidade me dá um murro

E a gente cai na porrada...


Parabéns, insanidade

Me dê esmola por caridade...


O salvador da pátria perde

O bom senso e perde a razão

Todo o perfume agora fede

Mas ainda nos causa emoção...


Parabéns, insanidade

A força é apenas fragilidade...


O canalha agora é acadêmico

Receba logo sua homenagem

E o seu argumento é anêmico

Sintam nas palavras bobagem


Parabéns, insanidade

Podem matar com frugalidade...


A plateia aplaude de pé

Os tiros dados na criança

O carro da história vai de ré

Engolindo a nossa esperança


Parabéns, insanidade

Ninguém conhece a felicidade...


O poeta não é mais nada

Nada também somos nós

Vários corpos pela calçada

Como um deus perdeu a voz


Parabéns, insanidade

Eu nem sei a minha idade...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insalubre (Miniconto)

Insalubre era a casa dela (se é que podia ser chamada de sua ou ser chamada de casa). Qualquer favela tem coisa bem melhor. Sem porta, sem j...