Minha esperança tem vindo
em embalagens
com conteúdos cada vez menores...
Talvez daqui um tempo
precise de lentes para enxergá-la...
Os meus óculos então
deixarão de ser apenas um incômodo...
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Atravesso o tempo
como quem atravessa um espelho...
Os cacos me afligirão ou não...
Carrego a tristeza
como um fardo obrigatório...
Sem ela não me restará nada...
Atravesso o espelho
como quem atravessa o mar...
Não conheço onde fica o porto...
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Eu sou de um tempo que agora nada me diz...
Um tempo que agora nem eu conheço...
Pouco falo e algo ainda escuto...
Tentarei dormir e não mais acordar...
São apenas certas sutilezas que me prendem...
Aonde estarei eu agora?...
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Usarei as palavras até que elas cansem de mim,
quando não puder mais fazer isto,
as gravarei nas paredes de minha alma
e as preservarei até que não existam paredes...
Depois virá um silêncio meio diferente,
talvez não encontrado, talvez pouco,
um silêncio que grite pela eternidade...
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Suba no palco, está na hora de representar o seu papel. As sessões não possuem horário fixo, todo tempo é precioso. Decore bem a sua fala, o grande perigo de errar as falas, acontece sempre. Nunca se irrite com os ensaios, eles existirão enquanto a temporada acontecer. Não se importe tanto com os outros atores, faça a sua parte, críticas e vaias fazem parte do ofício. Não há segurança alguma de sucesso ou fracasso. Muitas vaias sinceras serão melhores que palmas falsas. Termine a sessão não esperando que as cortinas sejam levantadas no dia seguinte.
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Sou um célebre desconhecido,
desconheço meus impulsos
e estranhos certas manias
que certamente tenho...
Sou meu inimigo usual,
uso todos os ardis que possuo
para que eu caia
em intermináveis abismos...
Sou a chuva que atrapalha os céus,
os dias de passeios
que foram tão planejados...
Uso meu deboche contra mim
e sou minha testemunha de acusação...
Eu quebrei o vidro
e cortei minhas mãos,
amo sempre errado
e pago as consequências disto...
Mas sobretudo,
com tantos empecilhos,
até posso me amar
pelo menos um pouco...
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Bateram em minha porta, fui atender.
Quem seria à essa hora da manhã?
Algum cobrador incômodo?
Alguma notícia boa e inesperada?
Não, apenas a solidão,
Avisando que foi designada
À me acompanhar até o fim...
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