segunda-feira, 14 de março de 2022

Simplesmente Nada

Antes que o véu se rasgue,

que a flor se apague,

antes que a folha caia

enquanto o dia desmaia,

a noite é boba,

apenas rouba

e não pode levar

a luz pra outro lugar

e eu que acordo bem mais cedo,

é pra sentir mais medo,

é pra sentir mais dor,

é pra morrer de amor,

é pra cair no chão

e ganhar um tropeção

pra ser um pobre coitado,

pra comer calado,

não vai passar a banda,

nem vai ter ciranda,

talvez um berro sujo

feito o dito cujo

que acabou de morre ali,

juro que não vi

e se visse juro que não diria,

minha alma tá vazia

mais que a minha despensa,

às vezes até o crime compensa,

existe até um pouco de maldade

em toda essa saudade,

essa saudade que me consome,

tirou até o meu nome,

tirou até o meu protesto,

que destino mais indigesto,

na hora do improviso

pois que nem aviso,

como manda a bula,

eu sou uma pobre mula,

meu tempo já passou

e eu nem sei mais quem sou,

me deixe ali na calçada

sou simplesmente nada...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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