Não me lembro...
Se algum dia venci a corrida,
Se a subida foi maior que a descida,
Se não me preocupei com comida,
Se minha derrota foi merecida,
Se a alegria estava apenas escondida,
Se para cada problema existia uma saída,
Se o meu sonho me deu guarida,
Se houve cura para toda e qualquer ferida,
Se a minha história não foi esquecida,
Se o que vivi pode ser chamado vida...
Não me lembro...
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Eu danço uma valsa imaginária
enquanto todos ficam rindo
do louco que sou
dançando em uma praça vazia
Não me importo com isso
Podem debochar à vontade
Não perceberam o que estou dançando?
Eu danço a dança da vida
Mesmo sem música ou par...
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Como fico confuso com a ambiguidade
de certos gestos um quê de enganosos!
O sol... Vejam o sol por exemplo,
depois de uma madrugada triste e medrosa
vem logo acendendo o dia...
Acendeu mesmo? Será?
Ou talvez ajudou a montar o cenário
para as infelicidades marcadas para hoje?
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Praia tudo
Mar absoluto
Em que mergulho minh'alma como quem divaga
Como em noites profundas de algum naufrágio
Noites inesquecíveis onde milhões de luzes haviam
Eu me perco num cancioneiro de tantas lembranças
Não há nada mais a fazer do que me lembrar
Eu acabo sendo um dos seres marinhos
Ou até a totalidade de todas essas minhas águas
Praia recordar
Mar de chorar...
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O poema me engole
sem ao menos me mastigar
Com uma voracidade incomparável
Sou apenas um viajante com pressa
descendo em sua garganta...
Um bocado pego ao acaso
no grande prato que faz o dia...
O poema me engole
sem ao menos ver o tempero
É quase inevitável que surjam
Sou a pressa transformada em calma
esperando ou não o final...
O poema me engole...
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Perfeição mais que imperfeita
Meu amor uma quase febre maleita
De dias sombrios e agora rasgados
Mais do que perfeitos - encantados
Do que ninguém via, só eu via
A luz que a minha noite acendia
Eterna noite que não mais entendo
Que só poderia saber somente vendo
Imperfeição mais que perfeita
Meu amor uma quase febre maleita...
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Não sorrir não me importa mais
Chorar já me cansei também não vou
Deixe-me aqui sozinho no velho canto
Olhando para o teto que fica calado
Enquanto imagino milhões de estrelas
Num céu noturno que me dá medo...
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