sábado, 9 de março de 2013

Todos, Todas


Todos os gatos são pardos
Todos os mistérios são nossos
Vamos dar comida aos leopardos
Que eles nos roam até os ossos

Toda a fogueira é santa
Toda a questão é julgada
Nada mais nos espanta
Depois da última jornada

Todos os comércios são nobres
Todas as dúvidas são sãs
Nem todas as mentes são pobres
Mas não é só delas as manhãs

Toda a tristeza não é minha
Todos os risos não são meus
Eu já perdi tudo que tinha
Mas nem tudo em mim se perdeu

Toda a aldeia faz festa
Toda a alegria é geral
Não importa se a vida não presta
Amanhã já tem carnaval

Todo o enigma é bem claro
Toda a resposta se engana
Todo o espécime é raro
Nessa selva de Copacabana

 Toda a Bahia é tão linda
Todo o Inferno é só meu
E eu desesperado espero ainda
O encanto que se perdeu

Todos os improvisos dão certo
Todos os planos dão errado
O beijo e meu peito aberto
Sábado domingo e feriado

Todos os lobos em sua matilha
Todos os cordeiros em seu rebanho
E nos quadros as coisas de família
Numa história que não tem tamanho

Todos os vícios num só cigarro
Todas as estrelas numa só novela
Eu te abraço e te tiro um sarro
E eu te chamo minha mais bela

Todos os meses e seu dia trinta
Todo o cangaço e seu Lampião
Faltaram cores na nova tinta
E eu fiquei tal cego na escuridão

Todas as juras são brincadeiras
Todas as fantasias são realidade
Existem mil e uma maneiras
De se chegar ao centro da cidade

Toda a oração é uma desculpa
Todo palavrão é um novo enredo
Batemos no peito e é a mea culpa
Não é mea culpa é nosso medo

Todos nós por aqui estamos
Todos nós não saímos do mesmo lugar
É a vida e então sigamos
Enquanto der para agüentar! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insalubre (Miniconto)

Insalubre era a casa dela (se é que podia ser chamada de sua ou ser chamada de casa). Qualquer favela tem coisa bem melhor. Sem porta, sem j...