Todos os gatos são pardos
Todos os mistérios são
nossos
Vamos dar comida aos
leopardos
Que eles nos roam até os
ossos
Toda a fogueira é santa
Toda a questão é julgada
Nada mais nos espanta
Depois da última jornada
Todos os comércios são
nobres
Todas as dúvidas são sãs
Nem todas as mentes são pobres
Mas não é só delas as
manhãs
Toda a tristeza não é minha
Todos os risos não são meus
Eu já perdi tudo que tinha
Mas nem tudo em mim se
perdeu
Toda a aldeia faz festa
Toda a alegria é geral
Não importa se a vida não
presta
Amanhã já tem carnaval
Todo o enigma é bem claro
Toda a resposta se engana
Todo o espécime é raro
Nessa selva de Copacabana
Todo o Inferno é só meu
E eu desesperado espero
ainda
O encanto que se perdeu
Todos os improvisos dão
certo
Todos os planos dão errado
O beijo e meu peito aberto
Sábado domingo e feriado
Todos os lobos em sua
matilha
Todos os cordeiros em seu
rebanho
E nos quadros as coisas de
família
Numa história que não tem
tamanho
Todos os vícios num só
cigarro
Todas as estrelas numa só
novela
Eu te abraço e te tiro um
sarro
E eu te chamo minha mais
bela
Todos os meses e seu dia
trinta
Todo o cangaço e seu
Lampião
Faltaram cores na nova
tinta
E eu fiquei tal cego na
escuridão
Todas as juras são
brincadeiras
Todas as fantasias são
realidade
Existem mil e uma maneiras
De se chegar ao centro da
cidade
Toda a oração é uma
desculpa
Todo palavrão é um novo
enredo
Batemos no peito e é a mea
culpa
Não é mea culpa é nosso
medo
Todos nós por aqui estamos
Todos nós não saímos do
mesmo lugar
É a vida e então sigamos
Enquanto der para agüentar!
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