A vida ia como todas as outras
Entre a incertidão e a certeza
Ia como todos os enganos
Que acabamos nos acostumando
Ia como um jardim sem flores
Mas que mesmo assim o sol brilha
A vida ia com suas cores desbotadas
Como paredes esquecidas há muito
Ia como aqueles carros antigos
Rodando em dias de triste chuva
Ia como o amante desvairado
Que nunca viu seu amor
A vida ia com sua densa fumaça
Tal qual todos os cigarros que fumei
Ia como as noites sem sono
Em que andei por entre a angústia
Ia como um animal noturno
Se resguardando entre as sombras
A vida ia como um grande circo
Em suas sucessivas apresentações
Ia como uma natureza-morta
Dividida entre borboletas e mariposas
Ia como a combustão espontânea
De uma grande e fútil fogueira
A vida ia como uma roda-gigante
Num insondável e bonito céu lá de cima
Ia como um carnaval sem choro
Imortalizado em queridas lembranças
Ia ao mesmo tempo começo e fim
Entre o que se fala e o que se vê
A vida ia e ia e ia
E nós sentados bem aqui...
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