sábado, 9 de março de 2013

Balada do Solitário


O sexo do solitário é a mão
A conversa do solitário é o espelho
A sua resposta é o não
A cor de seu sinal é o vermelho
Ser feliz é uma chance em milhão
Ser de alguém é uma utopia
O ano só tem uma estação
E até o carnaval é triste folia
O dia do solitário é de cão
Ele apenas ainda está vivo
Pulsa como outros seu coração
Talvez seja este o seu motivo
O refúgio do solitário é a escuridão
A noite é seu horário favorito
Estamos repetindo a mesma estação
Tudo é feio e nada é bonito
Eu fujo sempre da moda
A moda não me dá tesão
Ser diferente às vezes é foda
Mas não é só esta a questão
Os solitários vivem fora da vida
Vivos sem viver lhes basta o pulmão
E vida é só uma grande ferida
Uma ferida sem solução
Que temos somente que viver
Até que chegue a exaustão
Mas não basta apenas morrer
Esqueçamos o que tem após o alçapão
E se há vida após esta vida
Que seja sem esta solidão
Amiga sim e que é também ferida
E que tira toda nossa razão...

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