sábado, 9 de março de 2013

Grande Tempo Perdido


O tempo perdido na tela.
A vida nunca foi novela.
Aquilo nunca vai expressar.
Nada tem e nada além
Do que se pode pensar.
Não pense. Dispense.
É tudo non sense.
Compense esse consumo.
Sem rumo. Presumo.
Mas nem presumir se pode.
Não fode. Que bode.
Perdi a última liquidação.
Era melhor perder a razão.
Errar mas não sair do tom.
Seja mau e pareça ser bom.
Tudo é mera aparência.
É bem normal. Virou normal.
Ser um amoral.
Desde que se tenha decência.
Todo dia tem temporal.
Mas inda há paciência.
O paciente respira pouco.
O paciente pensa que é louco.
A casa perdeu o reboco.
Deixem dar mais um soco.
Reze logo mais um padre-nosso.
O problema ainda é nosso.
Mesmo se posso não posso.
Está frio até os ossos.
Até não poder mais.
Somos todos iguais.
Somos todos uns boçais.
Usamos uma máscara caseira.
Que nada esconde de nenhuma maneira.
Até quando nos rebelamos erramos.
Nossa rebeldia já foi programada.
É um grande presépio que habitamos.
É um grande presságio que desconhecemos.
Olhos não temos. Boca não temos.
Só definhamos e morremos.
Eu sou vigiado enquanto vigio.
Barriga cheia. Coração vazio.
Fazemos sexo se chega o cio.
Há falta de espaço.
É inútil o abraço.
É fora de lugar o carinho.
O homem nasce e vive sozinho.
É só encher a cara de vinho.
É só acender o cigarro.
Batam palmas pro carro!
Ser diferente
Só é importante
Se a nova onda somente
For a desse instante.
Não sinta e não chore.
Não ame e nem namore.
Nem pressinta e nem agoure.
Quem não zomba será zombado.
Quem não explora será explorado.
Quem come será devorado.
Eu sou mais um cara.
Eu sou mais um hit.
Eu sou a bala que dispara.
Eu sou o limite.
Vamos parar de lastimar.
E se o mundo acabar.
Guardem pra mim uma fatia.
Desculpe o mau jeito minha tia.
Muita louça suja na pia.
Frases comuns e a mesma disritmia.
Essa nem o sabiá sabia.
Coma seu mingau de aveia.
Fique pelado e não tire a meia.
Ontem com certeza terá lua cheia.
O mundo é tudo menos aldeia.
É cemitério de pobre.
Hospedaria de insano.
É depósito de cobre.
É o inferno do humano.
Nosso interno é insano.
O meu terno é do ano.
Nós não temos o que comer.
Mas pagamos o carnê.
Trinta mil suaves prestações.
E são tantas emoções.
Fazemos parte do show.
Bateu na trave e é gol.
O tempo perdido na tela.
A vida nunca foi novela...

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