Era o
tempo delas. Um tempo eterno mais que grande e bonito. O vidro é bonito na
maioria das vezes. Menos quando embaça pela tristeza. E essa vem sempre que
quer. Um garrafão amarelo de plástico imitando um de verdade daqueles de vidro
também. Estavam lá. Era pesado e cheio e trazia sorrisos de contentação mesmo o
menino não sabendo jogar. Eram muitas e das mais variadas. Polia todas. Limpava
todas. Umas eram transparentes com desenhos por dentro e outras mais simples em
azul ou verde. Eternos tecos ou arremessadas contra a parede. Assim como a
vida. À vera ou à brinca.
Era o
tempo delas irem. Sem despedida de lenços pelo menos. Foram em outras terras.
Porque o vidro assim como a alma se transforma mas não se destrói. Não foram em
barcos em cais com saudades. Nem deixaram algum amor para trás e se deixassem
seriam muitos. Diversas luzes acesas pelo sol. E os reflexos ficaram pelos meus
olhos. Assim como a vida. À vera ou à brinca.
Um dia hei
de chamá-las de volta. Virarão estrelas junto comigo. Brincaremos em outras
terras sem partida. Serão melhores jogos em melhores dias. Em que a esperança
nunca vai embora. E os meus sorrisos serão mais francos. E os meus risos com
mais gosto. E as lágrimas só virão se for de contentamento. Não sei quando
acontecerá. Mas isso mais cedo ou mais tarde sempre acontece. Assim como a vida.
À vera ou à brinca...
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