sábado, 9 de março de 2013

Bolas de Gude


Era o tempo delas. Um tempo eterno mais que grande e bonito. O vidro é bonito na maioria das vezes. Menos quando embaça pela tristeza. E essa vem sempre que quer. Um garrafão amarelo de plástico imitando um de verdade daqueles de vidro também. Estavam lá. Era pesado e cheio e trazia sorrisos de contentação mesmo o menino não sabendo jogar. Eram muitas e das mais variadas. Polia todas. Limpava todas. Umas eram transparentes com desenhos por dentro e outras mais simples em azul ou verde. Eternos tecos ou arremessadas contra a parede. Assim como a vida. À vera ou à brinca. 
Era o tempo delas irem. Sem despedida de lenços pelo menos. Foram em outras terras. Porque o vidro assim como a alma se transforma mas não se destrói. Não foram em barcos em cais com saudades. Nem deixaram algum amor para trás e se deixassem seriam muitos. Diversas luzes acesas pelo sol. E os reflexos ficaram pelos meus olhos. Assim como a vida. À vera ou à brinca.
Um dia hei de chamá-las de volta. Virarão estrelas junto comigo. Brincaremos em outras terras sem partida. Serão melhores jogos em melhores dias. Em que a esperança nunca vai embora. E os meus sorrisos serão mais francos. E os meus risos com mais gosto. E as lágrimas só virão se for de contentamento. Não sei quando acontecerá. Mas isso mais cedo ou mais tarde sempre acontece. Assim como a vida. À vera ou à brinca...

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