De médico
e de pouco todos nós temos um louco. Na garantia incerta que a felicidade vem
nos buscar. Mas não deram nosso endereço. Somos o que somos. Nisto consiste a
maior questão. Ninguém quer ser o que é. Poucos os querem. E esses poucos é que
conseguem exatamente o inverso. São novidades banais e rotineiras que os
jornais mostram. A casa caiu. A máscara continua presa na cara por um fio. O
prédio desabou. Mas a língua continua falando mentiras sem pestanejar. Quem
mexeu no meu queijo? Não querem me roubar um beijo? Nada mais. Aqui são
fabricadas as mais sofisticadas desculpas. Mesmo quando o assassino é pego em
flagrante com a arma na mão e o sangue da vítima na roupa no local e hora do
crime. Quem somos nós afinal? A resposta vem antes da pergunta ser formulada.
Nada a declarar. É demais comprometedor os diários que não escrevemos. Não
tiremos as roupas. Elas pelo menos no aliviam do senso de ridículo que temos
não para nos ajudar e sim para nos afligir. Depois do terceiro dia não
ressuscitamos. Nosso terceiro dia só cai na terça-feira. Mostre-me alguém feliz
e eu lhe mostrarei mais um que mente. Ninguém pode se fazer feliz. A felicidade
só pode ser dada ou recebida. Não está a venda no mercado consumidor. E por
causa dessa doação pode também ser tirada. Realmente meu filho. Nada se cria.
Tudo se amplia. As dimensões é que são incógnitas que não sabemos como
resolver. Nada se resolve. Tudo se remedia. Com ternura e um pouco de
má-vontade. Somos deuses em miniaturas. Repetindo velhas tragédias gregas para
um público inexistente. Os atores de televisão que o digam. Mostram tudo que
não queremos ver e pensamos que queremos. Este é o segredo. O grande segredo. A
alma do negócio. A alma do faraó. O que mais se aproxima da perfeição é estar
tudo fora do lugar. Viva a bagunça! O acaso que veio jogar cartas conosco. Ele
tem as mangas grandes e leva um baralho inteiro sob elas. Não adianta querer
escapar. O acaso é o destino que trocou de roupa e não esqueceu de pôr a
maquiagem. Nunca o reconhecemos. Ele é muito esperto. E gosta de seus drinques
on the rocks. Sim. Sim. Quanto mais gelo melhor. Cada palavra é um susto.
Muitas vezes a boca fala o que a mente desconhece. Bocas são imprevisíveis. Nunca
mentem na verdade. São só contadoras de histórias. E boas carpideiras se
precisam ganhar um dinheirinho extra. E agora o pronunciamento do
excelentíssimo senhor ministro do nada. Esse sim tem interessantes coisas de
nosso absoluto interesse. O resultado do jogo que decidiu o campeonato de
buraco da quinta divisão de mil novecentos e doze. A estatística precisa de
quantos fósforos foram acesos por crianças canhotas no mês de setembro de mil
novecentos e quarenta e cinco na Finlândia. O número de batidas de asa de uma
determinada espécie de mosca rara somente encontrada em uma pequena área
circunscrita da Guiné-Bissau. Isso sim nos afeta diretamente. Principalmente em
nossas observações sobre a filosofia Aristotélica em suas aplicações práticas
nas compras efetuadas em bazares marroquinos em dias de chuva torrencial. São
nas pizzarias chinesas do bairro árabe da capital venezuelana que dormem nossas
necessidades mais básicas. Somos chiques com as novas roupas do brechó. É
difícil ser anônimo em um mundo tão cheio de novas loucuras. Nem moicanos
escapam. É a escalada espacial. É o prato especial. Muita nudez e pouco tesão.
Muito tesão e pouca ereção. Para sermos exatos e cumpridores de esquecidos
desejos. Não me fale em tristezas e nem em contas vencidas. Nada sufoca mais
que a satisfação encerrada. A expressão conhecida. O óbvio galopante num
pangaré. Estamos aí e não estamos. A guerra é divertida. Principalmente quando
não nos aflige. De médico e de pouco todos nós temos um louco. Juízo afinal.
Brinquedos e tal.
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
sábado, 9 de março de 2013
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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
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