Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta é um narcisista disfarçado de louco
Que não sabe cantar e nem pintar
Por isso faz um canto de novas cores...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta é um ator destituído de movimento
E esta espera presa em suas palavras
O faz um demônio em eternos labirintos...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta precisa quem leiam seus poemas
E lhe digam quanto é bom ou ruim
E se é uma grande estrela ou um grande idiota...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta quer ser ignorado pelas ruas
Como todos os solitários sempre serão
Mas quer ser lembrado eternamente pelo tempo...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta vê o mundo como um grande farsa
Onde arlequins e pierrots e colombinas
Desfilam na rotina de todos os olhos...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta sabe como e quanto é vã a espera
Porque nada possui a exatidão dos números
Quando probabilidade é uma palavra sem sentido...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta quer de qualquer maneira
Em qualquer tempo que for
Mesmo quando sente o doce perfume da mentira...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta faz cenas mais vulgares
E tem as vontades mais mesquinhas
Porque quanto mais humano estranho é...
Aplausos, senhores, aplausos!
O poeta tenta enganar a todos
E acaba enganando a si mesmo
Quando diz que já acabou o sonho...
Aplausos, senhores, aplausos!
E finalmente esse mesmo poeta
Corre em desespero pela vida
Mas o que quer é mesmo ser seguido...
Aplausos, senhores, aplausos!
Batam palmas de pé e assoviem
Quero que meu espetáculo comece
E termine com pelo menos um adeus...
Aplausos, senhores, aplausos!
E viva o poeta!
ResponderExcluirMuito, muito bom!
ResponderExcluirAplausos, muitos aplausos para um poeta que esconde seus sonhos e se revela apenas mais um ator entre outros; e na verdade o é porque representa todos papéis do cotidiano. Aplausos, muitos aplausos para o grande poeta.
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