sábado, 9 de março de 2013

O Teatro de Pablo Número 5


Prenderam em muitas fotos
Rostos bonitos que não voltarão
Prenderam em muitos risos
A felicidade que já fugiu
Em um texto morto
Gravados estão promessas não cumpridas
Vamos fazer o seguinte
Meçam com a régua reais distâncias
E cada um tenha a sua surpresa
Coloquem em seus bolsos
As migalhas que puderem apanhar
E cada dia terá sua lembrança
Não importa se muito ou pouco
Eu te amo para sempre enquanto te amo
E faço planos impossíveis enquanto respiro
Belos olhos estes que não mais me vêem
Belo sorriso que se desfez há pouco
Tudo é guardado em caixas
E as caixas estão guardadas lá no sótão
É soprar a poeira e escolher qual delas
Esqueci de etiquetar isso acontece
Mas se quiser faça um esforço e lembre
São dias quentes e dias frios
São dias e são noites na verdade
Há magia em qualquer ar
Estrelas faiscantes em qualquer som
Só peço que não se demore
Pois meu tempo é pouco bem pouco
Por isso dispenso vírgulas
E quaisquer outras pontuações
Quando não conheciam a flor era tão bom
Hoje a levam para muitos lugares
E isso fez com que tenha perdido a graça
Os prédios não se movem mas sua sombra sim
São essas e outras coisas meu caro Sahib
Que faz que tudo seja assustadoramente bom
São essas e outras coisas meu caro Sahib
Que dispensam meu vôo já que o céu vem até mim
É uma vertigem boa que chega
Em palavras que eu não sei se diria
É o verso que invade a sala de estar
E transforma todas as coisas numa só
Cada gesto é encenado e dançado
Cada palavra é cantada e encantada
Preparem seus corações senhores
O espetáculo já vai começar...

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