terça-feira, 12 de março de 2013

Em Palavras

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Em palavras. Tantas delas. Tentei expressar o que não dá. Abri a boca. Emiti os sons. E achei que era tudo tão fácil. E na verdade nada foi. Porque quando se abre a boca. Tudo que não queremos sai. Menos aquilo que queríamos. Assim é a vida. Assim uns olhos que me perseguem até que não possa mais escapar. Assim a boca que se transforma em desejo e desejo falho. Sem chances. Como foram todos os outros planos bons e mortos. É a semente que brotou e morreu. Havia luz e água e sopro e faltou chão. É um réquiem bonito. Não precisa de carpideiras que o façam. Choro eu. Mesmo com um choro seco e disfarçado. Transformo tudo em piada. E acaba rindo eu mesmo delas. É essa a vantagem para os palhaços. Quando ninguém. Nós rimos. E quebramos o silêncio constrangedor do senso comum. Não nos cabe julgar qualquer coisa ou hábito. Mas cínicos suficientemente o fazemos. É questão de oportunidade. Tudo mundo se chocou e achei e achamos engraçado. É um novo beabá que inventamos. Um novo ABC sem Castro Alves. Desculpe a franqueza e a fraqueza também. Gostamos de óbvios malabarismos que podem dar errado. Somos assim mesmo ou nada somos. Vai depender de pompa e circunstância. Corrijam-me se estiver certo. Às vezes até a inocência suplica por ser condenada. É que está no roteiro e temos que segui-lo. Se der certo acontece o erro. E se melhorar estraga. E antes que eu me lembre pode me esquecer. Não sou de meias intenções. Todas elas são as mais maliciosas e as piores possíveis. Não há mais serpentes no Jardim do Éden. Eu sou a única e guardo pacientemente todo veneno possível que possa me matar. São frases grandes como essas que imitam os pássaros e confundem as abelhas. Façam a dança da chuva ou a dança do sol. Ambas funcionarão enquanto podem e não mais. Acabou-se o que era doce ou não. Depende do ponto de vista de cada um ou pelo menos de uma teimosia que estava em liquidação outro dia mesmo. Levá-la pode ser viciante como as demais coisas que o coração teima em colecionar. Faz parte do show mesmo quando não há show nenhum. Faz parte de parte da arte. Engoliram letras e pouco importa. Gaguejaram a resposta antes de acertá-la. É um tiro certeiro. A eterna dúvida e dívida de janeiro em janeiro. Sou educado. Somos educados. Pode ir primeiro. A fila anda. É como ciranda. Depende da demanda de mercado. Está tudo certo por estar errado. O erro aconteceu e ninguém foi culpado. É como o tiro perdido ou aquela queda que ficou engraçada. E mais nada. Nada a temer ou declarar. Nossas declarações mais solenes esperaram o momento de uma rua vazia ou de uma febre que veio. Aqui estava o que eu procurava. Um disfarce para dizer tudo que não queria e esconder humanas franquezas e fraquezas. É questão apenas de letras. Soletrar num idioma antigo e inventado desconhecido de criptólogos. Todas as leis ditadas por um legislador gago para um escriba analfabeto e revisadas por um cego que tem um senso de humor raro e exagerado. Viver com moderação é a regra. Oferece menos perigo para não sei quem. As engrenagens da máquina continuam esmagando. Não importa quem seja. Tanto faz agredidos ou agressores. Para cada um é dado sua hora. Até que o tiro saia pela culatra e isso se existir munição para alguma coisa. Eu só sei que tudo sei. Até coisas que nunca saberei se pelo menos existem. É que o cheiro muitas vezes vem primeiro. Chegar atrasado nesse caso não é de bom tom. Não briguemos por isso. Existem mais motivos fúteis que esperam sua vez. Obedeçamos a fila e a ordem natural e inventada de todas as coisas. É assim que funciona ou pelo menos deveria funcionar. Em palavras. Tantas delas...

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