Um terço
de nossas vidas levamos sonhando. Não somente dormindo. Mas com olhos abertos
em visões milagrosas de felicidades na maioria das vezes simples e
inatingíveis. Esse pedaço de tempo será junto (com a saudade e alguns desatinos
do amor) a parte mais preciosa que poderemos levar junto conosco quando sairmos
de cena um dia.
Um quinto
de nossas vidas levamos cantando. Não as canções da moda que tocam no rádio e
nem ao menos aquelas que aprendemos quando pequenos. Mas as canções mudas que o
coração canta o tempo todo e que nos satisfaz a alma. São as notas que
desconhecemos e os assobios que acabamos emprestando aos pássaros em seus dias.
Um quarto
de nossas vidas levamos chorando. Não desses choros que qualquer carpideira
pode ofertar. Esse tipo virá em frente à tela da televisão ou vendo um filme
qualquer. Esse é um outro tipo de choro que só o amor ou a ternura ou a piedade
pode nos proporcionar com olhos secos e peito molhado.
Um sexto
de nossas vidas levamos xingando. Xingando à nós mesmos por deixarmos a
oportunidade fugir ou nos atrasarmos e deixarmos o desencontro acontecer ou por
sermos covardes o bastante para não continuarmos a luta. Nessa hora é que somos
os mais severos e mal-educados possíveis.
Um meio de
nossas vidas levamos dançando. A vida mesmo em si é uma dança e esta dança em
si mesma é o grande objetivo. Tudo dança e tudo responde à mesma música em suas
corretas notas. Acertar a coreografia é acertar a felicidade que nem se nota.
Em várias
parcelas vivemos. Matematicamente como em velhos livros que nos deram um dia.
Invariavelmente como a surpresa do resultado de diversas equações. Olhe as
variantes e adivinhe o cálculo. Faça as contas e nada parecerá tão ruim assim.
Um segundo
de nossas vidas levamos com a morte. E então todos os cálculos pararão e uma
nova série poderá ser estudada...
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