Por favor me dê um tempo. As andorinhas ainda não chegaram ao estacionamento para fazerem seu dever de casa. A hora já passou em muitas vezes. E mesmo que não passassem há férias que a história ainda foi capaz de digerir. É certo que agora nesse exato momento os dons brotam no chão como modas de viola. Sim. E quantas mais preciso forem. Ando tão distraído e ao mesmo tempo atento. Atento para as particularidades que não importam e no entanto dão mais graça ao ar. São como palavras enferrujadas pela falta de uso retiradas de uma gaveta. É o som de vídeos antigos. E a certeza do ontem me deixa magoado. Surge então a questão da natureza e do número de tão amores que quase tive numa quase época em um quase lugar. É uma estimativa. Só isso. Tantos quantos foram os tiros que dei e acabei me ferindo. Tenham pena de mim. Não existem tantos cigarros e cafés para suportar tal martírio. E assim faltarão apaixonados suspiros em oferta no mercado. Tenham pena de mim. Esperei tanto tempo por alguma coisa e inverteram letras. Sou apenas um observador de meu próprio incêndio. E minhas carnes se consomem até o ponto certo. Deitar é apenas um detalhe. Assim como são os risos sem motivos ou as partidas intermináveis de baralho. A pomba da paz tinha outro compromisso e os urubus são prestativos vizinhos. Os girassóis estão mudos hoje se recusando a falar sobre tais indagações. Talvez em outra ocasião quando borboletas declamarem poemas parnasianos ou fizerem libações extremas. O tempo não está muito bom nem para as necessidades mais básicas. Se me perguntarem quais responderei apenas se tiver salvo-conduto. Não fui que derrubei a muralha da China e nem a crença do Imperador. Era muito tempo para que ficasse a solidão suspensa no ar. Era impossível tantos segredos num só copo. E ainda assim ter tempo de escolher caminhos. Aprendi com a sabedoria dos gatos que só o imprevisível reconhece ordens de comando. E mesmo assim apenas na descida de íngremes ladeiras. Porque elas estão lá. Esperando torrentes de chuva fina que ajudem a decorar as quedas. E quedas são semelhantes em tudo. Menos no choro. É o monstro e sua criação. O médico saindo dos restos de putrefatos cadáveres. E aterrorizando os aldeões em dia de decisão de campeonato. Esqueçamos isso. Nada pode nos separar do ridículo mais bem planejado que seja. O medo não apavora. O ridículo sim. Por este motivo mandei fazer sapatos de cristal por pura inveja. Nada mais atual e ao mesmo tempo eterno. Toda hora chegam notícias que não aconteceram. Vamos ler pelo menos. É bom saber que o coletivo funciona mesmo que seja ao avesso. Tanto faz esbravejar ou soltar balões. Fogueiras acesas são para a extinção. E normas são normais demais. A coerência é um espinho no pé e a sensatez um copo cheio até a boca. A ciência é um brinquedo quebrado e a razão o último convidado que não quer ir embora da festa. Nós também insistimos em transformar o sagrado em profano e vive-versa. É quase tão bom com o cheiro de cinema. Ou reparar em diversas mãos à procura de segredos. O chá das cinco ou o café da tarde. E os embrulhos caprichosamente feitos em papel de pão ou paninhos bordados. Não há mais canto do galo nem duendes indagando se o homem realmente foi na lua. As pipas agora descansam. Mas não possuem a esperança da próxima temporada. Eu dispenso apresentações. As dores vêm até mim e simples. Só não sei ainda qual delas convidarei para um passeio de barco ou um bailado cigano. É difícil escolher entre o que não se quer. Fui pego de surpresa com uma nova cor. E as reclamações das antigas sobre a minha depressão. As neves de Natal são de algodão e os foguetes da NASA acesos por um pavio. Vejam a ignorância com bons olhos. A sua simpatia pode acontecer. O circo está chegando à cidade. E o espetáculo já vai começar. A vida está insistindo mais e mais uma vez. E devemos compreender seu esforço para não decepcionar a morte. Deixar que os mortos se enterrem é perder o melhor da festa. Rosas azuis e passarinhos verdes. Nihil obstat. Imprimatur. Eu gasto tudo o que tem na carteira. Comprando monumentos antigos e mentiras novas. Porque mentiras velhas saíram de moda. Eu sou um homem do meu tempo. Dum tempo sem tempo e com saudade. Eu olho no espelho a procura de um motivo para me mirar. E ainda vejo casas futuristas de papelão e roupas de papel-alumínio. O mínimo que podemos fazer. Os monstros cansaram de ser vilões. Seja quem quiser ou puder ou for designado para tal cargo. E os gênios estão com preguiça de sair da lâmpada. São milhões de respostas para nenhuma pergunta. E ainda um pouco mais ou não. Dependendo do gosto do freguês. E da violência das quartas e quintas na parte da tarde quando chover ou ventar. É que o próprio condenado aperta o gatilho. Enquanto o senhor ministro toma importantes decisões sobre o que não se fazer na hora de maiores tempestades. No momento faltam flores de plástico para plantar no jardim.
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
sábado, 30 de março de 2013
Abstrato Porém Concreto
Por favor me dê um tempo. As andorinhas ainda não chegaram ao estacionamento para fazerem seu dever de casa. A hora já passou em muitas vezes. E mesmo que não passassem há férias que a história ainda foi capaz de digerir. É certo que agora nesse exato momento os dons brotam no chão como modas de viola. Sim. E quantas mais preciso forem. Ando tão distraído e ao mesmo tempo atento. Atento para as particularidades que não importam e no entanto dão mais graça ao ar. São como palavras enferrujadas pela falta de uso retiradas de uma gaveta. É o som de vídeos antigos. E a certeza do ontem me deixa magoado. Surge então a questão da natureza e do número de tão amores que quase tive numa quase época em um quase lugar. É uma estimativa. Só isso. Tantos quantos foram os tiros que dei e acabei me ferindo. Tenham pena de mim. Não existem tantos cigarros e cafés para suportar tal martírio. E assim faltarão apaixonados suspiros em oferta no mercado. Tenham pena de mim. Esperei tanto tempo por alguma coisa e inverteram letras. Sou apenas um observador de meu próprio incêndio. E minhas carnes se consomem até o ponto certo. Deitar é apenas um detalhe. Assim como são os risos sem motivos ou as partidas intermináveis de baralho. A pomba da paz tinha outro compromisso e os urubus são prestativos vizinhos. Os girassóis estão mudos hoje se recusando a falar sobre tais indagações. Talvez em outra ocasião quando borboletas declamarem poemas parnasianos ou fizerem libações extremas. O tempo não está muito bom nem para as necessidades mais básicas. Se me perguntarem quais responderei apenas se tiver salvo-conduto. Não fui que derrubei a muralha da China e nem a crença do Imperador. Era muito tempo para que ficasse a solidão suspensa no ar. Era impossível tantos segredos num só copo. E ainda assim ter tempo de escolher caminhos. Aprendi com a sabedoria dos gatos que só o imprevisível reconhece ordens de comando. E mesmo assim apenas na descida de íngremes ladeiras. Porque elas estão lá. Esperando torrentes de chuva fina que ajudem a decorar as quedas. E quedas são semelhantes em tudo. Menos no choro. É o monstro e sua criação. O médico saindo dos restos de putrefatos cadáveres. E aterrorizando os aldeões em dia de decisão de campeonato. Esqueçamos isso. Nada pode nos separar do ridículo mais bem planejado que seja. O medo não apavora. O ridículo sim. Por este motivo mandei fazer sapatos de cristal por pura inveja. Nada mais atual e ao mesmo tempo eterno. Toda hora chegam notícias que não aconteceram. Vamos ler pelo menos. É bom saber que o coletivo funciona mesmo que seja ao avesso. Tanto faz esbravejar ou soltar balões. Fogueiras acesas são para a extinção. E normas são normais demais. A coerência é um espinho no pé e a sensatez um copo cheio até a boca. A ciência é um brinquedo quebrado e a razão o último convidado que não quer ir embora da festa. Nós também insistimos em transformar o sagrado em profano e vive-versa. É quase tão bom com o cheiro de cinema. Ou reparar em diversas mãos à procura de segredos. O chá das cinco ou o café da tarde. E os embrulhos caprichosamente feitos em papel de pão ou paninhos bordados. Não há mais canto do galo nem duendes indagando se o homem realmente foi na lua. As pipas agora descansam. Mas não possuem a esperança da próxima temporada. Eu dispenso apresentações. As dores vêm até mim e simples. Só não sei ainda qual delas convidarei para um passeio de barco ou um bailado cigano. É difícil escolher entre o que não se quer. Fui pego de surpresa com uma nova cor. E as reclamações das antigas sobre a minha depressão. As neves de Natal são de algodão e os foguetes da NASA acesos por um pavio. Vejam a ignorância com bons olhos. A sua simpatia pode acontecer. O circo está chegando à cidade. E o espetáculo já vai começar. A vida está insistindo mais e mais uma vez. E devemos compreender seu esforço para não decepcionar a morte. Deixar que os mortos se enterrem é perder o melhor da festa. Rosas azuis e passarinhos verdes. Nihil obstat. Imprimatur. Eu gasto tudo o que tem na carteira. Comprando monumentos antigos e mentiras novas. Porque mentiras velhas saíram de moda. Eu sou um homem do meu tempo. Dum tempo sem tempo e com saudade. Eu olho no espelho a procura de um motivo para me mirar. E ainda vejo casas futuristas de papelão e roupas de papel-alumínio. O mínimo que podemos fazer. Os monstros cansaram de ser vilões. Seja quem quiser ou puder ou for designado para tal cargo. E os gênios estão com preguiça de sair da lâmpada. São milhões de respostas para nenhuma pergunta. E ainda um pouco mais ou não. Dependendo do gosto do freguês. E da violência das quartas e quintas na parte da tarde quando chover ou ventar. É que o próprio condenado aperta o gatilho. Enquanto o senhor ministro toma importantes decisões sobre o que não se fazer na hora de maiores tempestades. No momento faltam flores de plástico para plantar no jardim.
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