E, afinal, quem somos nós?
Somos apenas acomodados
Sentados confortavelmente na sofá da sala
Mostrando nossa solidariedade inútil
Enquanto as guerras destroem o mundo,
Matam todos os inocentes,
Num delírio digno de todos os infernos...
E, afinal, quem somos nós?
Somos apenas grandes cínicos
Que sob uma capa de boa educação
Vivemos frustados conosco mesmos
Porque fazemos sempre tudo,
Menos o que nos é necessário,
Somos os carrascos de nossas alegrias...
E, afinal, quem somos nós?
Corredores de uma disputa sem prêmio,
Fabricantes de nossas próprias correntes,
Geniais inventores de novos problemas,
A felicidade é uma grande estranha
Mesmo quando dela falamos constantemente
Com as palavras mais imbecis possíveis...
E, afinal, quem somos nós?
Grandes mentirosos profissionais,
Malvados conosco mesmo e sempre,
Escondemos nossas feridas sob sujos panos,
Perdoamos nossos pecados antes de cometê-los,
Andamos de braços dados o tempo todo
Com a mediocridade e o óbvio...
E, afinal, quem somos nós?
Proprietários de um tempo que fugirá,
Devendo tomar providências imediatas,
Antes que os sonhos partam em viagem
Para outras paragens mais bonitas,
Antes que os versos se calem de vez
E nosso grito seja apenas mais um epitáfio...
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