quinta-feira, 22 de março de 2018

Depois do Depois


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Depois do depois tudo é cinza e rosa
As flores acabaram de entrar em greve
Acabou-se aquele encanto que era passageiro
E solenes damos nossas últimas risadas

Depois do depois tudo é azul e negro
Estamos estranhando tudo que é familiar
E não nos aflige mais a fumaça que sufocava
Sócrates agora bebe veneno e está imune

Depois do depois tudo é amarelo e roxo
O jogo agora segue as regras da lealdade
E até a maldade pratica sua galanteria
Quem poderá evitar as flechas do destino?

Depois do depois tudo é laranja e verde
Falta-nos razões óbvias para razão nenhuma
E quanto mais insistimos em desistir
Mais nossos pés vão indo ao cadafalso

Depois do depois tudo é água e sangue
Mistura completa de todos os ritmos musicais
Nara e Caetano proclamam a nova independência
E Noel fala em se calar porque lá vem o sol

Depois do depois tudo é vinho e ocre
E os meus sonhos são as mais exatas balelas
E os carneiros vão sambando para o abismo
Porque nada é mais doce que sonhar a realidade

Depois do depois tudo é marrom e cáqui
E as frutas na cabeça vão se equilibrando
Até que esteja tudo maduro e não haja nada
E cadeiras vazias ainda estejam pela calçada

Depois do depois tudo é da nossa cor
E valeu quase que a pena respirar em vão
E em versos de mais demais eu tenha
Feito da loucura a mais branda sensatez...
(Extraído do livro "Rubianan Decide" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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