quinta-feira, 29 de março de 2018

Essência das Coisas


Resultado de imagem para menino maltrapilho
A verdade é um mosaico de pequenas mentiras
A melhor das intenções é feita de cacos de maldade
Nunca seremos mais tolos que os sábios
Estritamente nossos segredos habitam as praças
Nada é tão contraditório como a ortodoxia
Eu uso paradoxos como quem respira sempre
Engana-se quem pensa que a noite já se acabou
É mais difícil ficar sentado no banco dos réus
Eu nunca mais rirei um riso sequer dos que já ri
Meus gestos de carinhos são apenas brutalidade
A preguiça toma conta de todas nossas ações
Caso queira posso lhe ajudar em quase nada
O previsível assinou contrato de participação
Um fato consumado foi inventado para consumo
A maior nobreza poderá ser o vilão da peça
Estudos comprovam que a dúvida é verdadeira
Agora é lei da natureza não ser mais natural
Cada parto se torna cada vez mais engraçado
A superficialidade é cada dia mais profunda
Andar pelas ruas é a nossa real maratona
Cada sombra é na verdade mais uma sombra
Os costumes são quando muito mal-acostumados
Nada é tão invertido como os que passamos hoje
Porque os relógios acabaram tendo seus surtos
Me deprecie com os elogios mais insinceros
Acaso você viu a minha estrada por aí?
Eu sou testemunha ocular do que não aconteceu
A face do tempo é a maior inimiga do espelho
Rugas só existirão no rosto de quem mais viveu
Para que ter sentido se não sentimos mais?
Eu roubo teu sono com toda essa minha calma
Os estabelecimentos nada possuem de estabelecido
Eu finjo que não estou mais fingindo e estou sim
O que mais vivo temos é um festival de cadáveres
Nada é mais decepcionante que o desejo satisfeito
A minha memória me ajuda esquecendo os fatos
O abrigo só é suficiente se ele nos desabriga
Basta uma pequena moeda para a sorte ser lançada
A minha educação nem ao menos conhece a sua
As coisas caseiras agora são produzidas em massa
Quanto mais sofro minha imaginação me visita
O cachimbo da paz acabou em discussões acaloradas
O jogo de xadrez acabou sendo posto em liberdade
Chacrinha nunca esteve tão sério como hoje
Pobre daquele que compete contra vendavais
Pássaros em bando acabam se tornando bandoleiros
A fé é a única que não atirará a primeira pedra
O papagaio repete coisas por pura esperteza
A solução acabou tendo soluços e foi embora
As quintas morrem de susto nas sextas-feiras
Quando não quero é que minha vontade é maior
Eu quase voei só que me faltaram as pernas
O instinto básico é a base de quase nada
O meu grito agora já faz parte do silêncio
O quase foi na beira do abismo e de lá pulou
Até o diabo veio reclamar por sua missa
As partes são iguais exatamente porque são opostas
Toda contrariedade detesta estar satisfeita
Bons modos podem ser apenas sinais de crueldade
A causa de todas as coisas não causa mais efeito
Temos razão somente quando perdemos a razão
As futilidades são portadoras de grande sensatez
Os tratados de filosofia são serenas aberrações
Uma mentira só é mentira após ser mentida
Estale agora os seus dedos e verá o que acontece
O mudo não tentará mudar coisa alguma
Toda covardia tem lá sua dose de heroísmo
Extremamente um dia estaremos in extremis...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...