sábado, 10 de março de 2018

Na Balança dos Dias

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Na balança dos dias,
Na passagem do tempo,
Esse velho companheiro que não nos larga,
Tudo pesa, até o corpo, até a alma...
Não tentemos então fugir,
Em nenhum lugar estaremos seguros,
Por mais que pensemos que estamos sós,
Estamos acompanhados conosco mesmos...
Qual portador de maior tristeza do que este?
Nossos defeitos e nossas aflições,
Nossas exigências tolas e nossas ambições baratas
Estarão sempre conosco...
O caminho machuca muito 
E nossa bagagem é muito pesada...
Os sonhos mortos que tivemos estão na mala,
Mesmo que não lembremos mais deles
Os cadáveres seus nos acompanham
Como se fossem velhas relíquias de família...
Na balança dos dias,
No respirar de nossos pulmões,
No batimento descompassado de nosso peito,
Nossas angústias mais que presentes
Nunca cedem o seu lugar...
O amor ri alto de nossas tolices 
E as paixões são carpideiras dedicadas...
Tudo continua exatamente do mesmo jeito,
O pó acumulado espera a hora exata
Para começar seu estranho bailado...
Não pensemos em mais nada,
Não há saídas de emergência
E os prédios acabam sempre desabando...
Castelos de cartas e castelos de areia
São as mais possíveis estruturas que temos...
A amargura ainda é o prato do dia
E a felicidade invisível como o próprio ar...
Na balança dos dias,
Na morte viva de todas as coisas
Apenas escutemos a canção que um dia esquecemos...

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