Eu sou aquele cavaleiro solitário,
Agora andando em tristes ruas,
O bobo, aquele maior otário
Querendo roubar as carícias tuas
Eu sou a figura mais triste,
O pesadelo do sono passado,
Dos perigos o maior que existe,
O certo que já deu errado
Eu sou o estado de calamidade,
A novidade antiga em preto e branco,
O alarido no centro da cidade,
Saldo zerado na conta do banco
Eu fui, eu serei, eu ainda sou,
O empregado, a firma e o patrão
Não sei se páro e não sei se vou,
Sou o amigo, o inimigo e o irmão
Eu sou este modernismo antiquado,
A novidade que ainda não veio,
O grande quadro que não foi pintado,
A grande dúvida entre bonito e feio
Eu sou a dívida ainda não-paga,
A luz que faltou no meio daquele filme,
Eu sou a benção, a reza e a praga,
A pista evidente de nenhum crime
Eu sou Judas contando suas moedas,
Eu sou dia nenhum, eu sou aquele dia,
A salvação e o erro do pára-quedas,
O silêncio quebrado pela sinfonia
Eu sou o samba no meio do velório,
Aquele mau-humor da Miss Simpatia,
A fogueira acesa no meio do escritório,
O radinho de pilha e sua sintonia
Eu sou Quixote junto com Malazartes,
Que mais poderíamos assim esperar?
As coisas feias e a beleza de todas artes
Só não tente nunca me encontrar
Eu sou, eu sou e eu sou...
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