segunda-feira, 12 de março de 2018

Obviedade

Resultado de imagem para menino xingando
O tolo caminhando à passos largos
O sábio vai andando pelos cantos
Nunca os dias foram tão amargos
Chegam aos ouvidos muitos prantos

Não cai mais água pela torneira
Não adiante sair lá fora pra respirar
Eu mesmo me surpreendo pela besteira
Pela maneira que eu tento reclamar

Vá lá fora é hora do milho pras galinhas
Nunca esqueça de contar as novidades
As mil saudades ainda são as minhas
Como um louco vou correr pela cidade

Um cigarro e um café é tudo que preciso
Ainda está escuro pois não amanheceu
Veio o choro pois se acabou todo o riso
Afinal de contas que tipo de cara sou eu?

Entro na fila mas veja é só pra me cansar
Eu me esqueci até de qual o dia faço anos
Me dê apenas um minuto de papo pro ar
Depois eu que lá vem os bichos humanos 

A estrela não brilha se acabou a bateria
Minha tia desculpe aí eu falei um palavrão
É que veio a noite e eu pedi mais um dia
No reverso do verso acabou minha emoção

Um babaca tatuou bem no braço uma suástica
Só esqueceu que ele também era um pobre
Temos que tomar uma medida mais drástica
Ou fazer hora extra pra ganhar mais um cobre

Há muitos anos que não falo mais o que digo
Ser dublê é bem mais fácil do que ser um poeta
Se eu morri já não corro mais nenhum perigo
Falo em sonhos numa poesia mais concreta

Falo o óbvio não em versos óbvios ou vulgares
Seus ouvidos não estão aí só pra enfeitar
Que essa porra se exploda toda pelos ares
Eu que nunca vou parar esse meu cantar...

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