...Faces simiescas numa TV quebrada
Narcisos corredores por puro divertimento
Esse sol contribui para o nosso frio
Em décadas futuras que não viverei
Poderão brincar com minha velha poeira...
Eu sou o canto azul meio que esverdeado
De tartarugas velozes e coelhos lentos
Vendi legumes em uma feira inexistente
Enquanto trocava trocadilhos com a febre
Tudo pode ser normal enquanto o é...
Velhos pecados com alguns cínicos perdões
Em minha lida de quebrar pedras com socos
E transformar velhos camaleões em estampas
A mesma litania se repete nos mais absolutos
Monossílabos que a ternura pode me dar...
Pratos vazios com a louça suja e imóvel
Água solitária aguardando o chá das seis
Natureza-morta com algum dos fiéis caprichos
Dentro da noite não podemos ser mais nada
A não ser prostitutas itinerantes de riso fácil...
Cabelos moicanos com seu estilo perfeccionista
Enquanto guerrilheiros esquecidos dançam
O dia agora amanhece para a noite absoluta
Enquanto a distância de corações batendo
Não consegue apagar nada no papel da história...
Demorarão algumas centenas e alguns milhares
Para que tenhamos alguns motivos para confirmar
A mais pura ciência dos loucos transmutada
Na mais pura tolice saída da boca dos sábios
Deram um jeito para que a luz não se acabasse...
Eu queria ter algum nome novo para exibir
Enquanto desconheço os arbustos e as cabanas
Tudo é aquilo que é e nunca mais de novo será
Deixem os vitorianos arrastarem seus pés sujos
Espalhando seu algum lixo da mesma história...
Os crânios desnudos demonstram seu pavor
Enquanto o capim exibe sua rude perenidade
Na verdade todo perdedor saiu ganhando
Bananas e carvões saíram mais barato na feira
E os leões dormem serenos em seus resorts...
Maquiavel acabou tomando um pé no rabo
Enquanto os gametas tiveram um doce encontro
Explicar algo pode fazer doer-me os dedos
Toda a pilhéria agora organizada em muitas pilhas
Não satisfaz minha voracidade quase tão normal...
Onde foram parar aquelas minhas pílulas?
Banhos de assento e carrinhos de plástico sabem
O verso surdo declarou-se ao poema mudo
Enquanto os eleitos deleitavam-se com pura maldade
E as engrenagens dos abismos quase pararam...
Fiz um discurso faltando alguns vocábulos
Enquanto a multidão aplaudiu de joelhos
Arrancando os poucos cabelos que ainda possuíam
E os hospitais públicos continuam com as filas
E a normalidade queria ser tudo menos ela mesma...
Troquemos agora seis por meia dúzia e meia
E os glutões continuam comendo suas porcarias
Eis aí o que todos queriam e assim tiveram
Vamos conseguir morrer nas vésperas do indicado
E esta receita não irá conter mais susto algum...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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