domingo, 30 de abril de 2023

Tem Água

Tem água...

Nos olhos do poeta vesgo

Que perdeu de vista sonhos

Que maldisse à si mesmo agora

Que rogou uma praga quase agorinha...


Tem água...

No desespero quase surdo

De quem dorme numa calçada

Enquanto os carros vão passando

Numa cidade igualmente desesperada...


Tem água...

No maior vazio de todos

Que fica no fundo do abismo

Que eu mesmo acabei saltando

Quando fui procurar um dia você...


Tem água...

Caindo lá de cima

Estragando aquele passeio

Que um dia esperei com vontade

E agora não tem importância mais...


Tem água...

Não tem...

Esses meus olhos já secaram...

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