Talvez darwiniana, talvez não...
Minha fonte inesgotável de abcessos e ternuras
Madeixas corridas de um bom disfarce
O tesão da jovem mãe apenas aparente...
Talvez darwiniana, talvez não...
A farsa de saudáveis comerciais de margarina
Enquanto o estereótipo abjeto de machos
Escondem uma ternura inaceitável...
Talvez darwiniana, talvez não...
Mãos trêmulas pelo consumo etílico
Enquanto é descoberto que a porta de saída
Vai dar em um abismo bem pior ainda...
Talvez darwiniana, talvez não...
Poesia de pandeiros inocentes e fatais
Que cobrem de luto nosso tédio tóxico e letal
E eu não sei mais que palavras escolher...
Talvez darwiniana, talvez não...
A mediocridade usa seu mimetismo
Enquanto escolho aquilo que não gostarei
Para que seja aplaudido ontem mesmo...
Talvez darwiniana, talvez não...
A cobra de duas cabeças cospe podres elogios
Campeão de todas derrotas possíveis
Rouba sujamente num jogo sórdido...
Talvez darwiniana, talvez não...
Guerreiros matam assim calmamente com chips
Nossa solidão agora é social
E a boca se cala por fiel obrigação...
Talvez darwiniana, talvez não...
Estou totalmente nu vestido com roupas da moda
Talvez alcance meu diploma de idiota
A tempo de ir passar férias no inferno...
Talvez darwiniana, talvez não...
Falta-me insones malabarismos para arranjos
E ainda tento em vão olhar no espelho
Tentando achar o primata que há em mim...
Talvez darwiniana, talvez não...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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