terça-feira, 30 de maio de 2023

Azeite & Palhaços

 

A roda dos desesperados lubrificada

Um aumento de vítimas da mídia

Acaba gerando mais alguns loucos

Tudo está contido em uma grama

Atenção, senhores, acabou o café

Motivos mais que óbvios de luto

Em qualquer cidade há infelizes

A boa saúde só não é má

Mistura insaciável de neologismos

Uma poção de fritas queimadas

Como manda a nova moda

O cancioneiro que foi preterido

Até os modernos envelhecem

As manchas de batom nas cuecas

Mais um reality show de mentiras

Tudo é resolvido por gestos

Cortaram a língua dos mágicos

E os filósofos acabam xingando

Vou engolir os meus óculos

E beber seu caldo até o final

Perdi o medo de douradices

No meio de sérios amarelismos

Nos bazares vendem-se aberrações

Uma tara sim e outra também

Eu não creio mais em fetiches

E sonho aterrado com engrenagens

Satã agora tem a minha cara

Bebo uma certa brutalidade

Receberei mais tortas na cara

É a semelhança de uma diferença

Mais vento do que ventilador

Vendem-se pesadelos baratinhos

A piedade é lâmina de barbear

Não haviam segredos de alcova

Tudo foi se desfazendo

Menos as fotos de eterno papel

Na véspera do carnaval amuei

Mariolas embaladas com esmero

Apenas uma batalha doméstica

Os mariscos herdaram as cascas

O galã de novela sofre de impotência

Acabei de construir um manicômio

Minha cabeça apenas guarda chapéus

E o mundo debruça-se sob os muros... 

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