Cidade em meu colo
Com toda a malícia que
a minha inocência pode ter...
Olhos pregados
Sofreguidão voluntária
por velhas revistas proibidas...
Meu rosto esquentando
Tudo sempre muito escondido
agora num tempo já enterrado...
Escondido... Escondido... Escondido...
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Risquei um fósforo
Acendi a chama
Na escuridão
Sonhei o sonho
Não me adiantou
Que decepção
Dei um sorriso
Tentei me alegrar
Mas foi em vão...
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Tudo vai embora
Tudo toma um rumo
Pé na estrada
Sem ao menos olhar pra trás...
Todo tempo corre
Não adianta grito
Feitiço não adianta
Os relógios envelhecem
E os espelhos quebram...
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A cidade pegou fogo...
Quem diria que pegasse
Pegou nos arranha-céus
Com seus escritórios
Pegou nos condomínios
Com seus luxos
Varreu as calçadas
Com suas cinzas e brasas
A cidade pegou fogo...
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O que teria atrás do muro?
O passado? O presente? O futuro?
Um fogo aceso ou um canto escuro?
Um amante suspirando?
Um pobre poeta delirando?
Um passarinho machucado?
Um plano perfeito que deu errado?
Um tempo passado que não volta mais?
Um céu nublado chamando temporais?
O que teria atrás do muro?
O passado? O presente? O futuro?...
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O novelo do gato
O ninho do passarinho
A evidência de sóis
Dança de chuvas
Eu e eu mesmo
Mesmo em silêncio
Como pedras
Ou o mar dormindo...
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Fechei meus olhos ontem
Abri meus olhos quase agora
Um noite e mais dormindo
Para que os sonhos aparecessem
Meninos traquinas entre nuvens
E algumas borboletas vadias...
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