domingo, 28 de maio de 2023

Invenção da Rosa

 

Tudo o que me basta e não me basta

Ao mesmo tempo e no mesmo lugar

Com uma sensibilidade que desespera

Onde estarei eu no próximo instante?

Voarei sobre as nuvens não vendo temporal?

Mergulharei no abismo feito brinquedo?

Nada me satisfaz tanto quanto teus olhos

E minha noção de perigo foi embora

Eu sou teu canibal que veio para almoçar

Podem servir alguns filés de mamute

Andarei sobre o gelo como qualquer um

Camas de prego já me bastam ou roseiras

Não sei mais de onde vem vindo o vento

Calor ou frio são para mim o mesmo

Faço caretas em qualquer espelho

Pedaços ou não é o que assim basta

Sou imune ao ferro e também ao fogo

Atravesso todos os sinais fechados

Eu mesmo sou o fantasma da solidão

Te perdi e eu junto na escuridão...


(Extraído do livro "Manual Prático de Poesia Absurda para Desesperados" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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