domingo, 7 de maio de 2023

Era Um Grande Homem de Negócios


 Era um homem de negócios,

Que tinha pressa, não tinha ócios,

Tudo vale o seu sacrifício,

Pois são os ossos do seu ofício


Um homem de muita pressa,

De pouca conversa,

Feito de aço e concreto,

Sem amor e sem afeto


Um homem de posses, de bem

Orgulho dos pais, pesadelo de vizinhos,

Sem amigos e sem ninguém,

Dando todos os seus passos sozinho


Um homem de poucos segredos,

De nenhum carnaval,

Um homem sem medos,

Muito além do bem e do mal


Um grande burguês, cheio de grana,

Com seus impostos em dia,

Sem carnaval, sem final de semana,

Sem tristeza e sem alegria


Era um homem de negócios,

Se dar bem na vida era seu sacerdócio,

Ser respeitado e ser temido,

Viver para ele era esse o sentido


Calçou seus sapatos, vestiu o seu terno...

Pra onde será que ele agora vai?

Não é mais patrão, nem é mais pai,

Entrou na fila pro Inferno...


Era um grande homem de negócios...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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