segunda-feira, 15 de maio de 2023

SimSinhô

Sim sinhô, um prique-prique danada de bão se tem e se não tem vai também, imaginação é peixinho quase miúdo bulindo com moça bonita essa hora e qualquer uma. Eu que o diga por quantos estalos de língua couber em qualquer um cantinho... 

Moço que fala bem e mocinha que dá chilico - cuidadinho com eles, já viu?...

Já faz tempo é, tempo mais veinho que aquela pinicada que chamava providência. Era embaixo da cama ou em cima da cabeça, aí sim, nunca se sabe, dependia se era ou não, seu Marcindo da bula torta, De farinha entendo eu quando entendo...

Sapo comendo arroz e aranha fazendo balé - cuidadinho com eles, já viu?...

Na hora do sopapo o cabra gemeu, bem gemido caprichado no tempero e pobrinho de supemba, tá? Comigo e semmigo tem disso não, tem mesmo não:  sou quase igual seu Toninho da Sopa, pegou e bebo e trago, na manhã e na manha se o freguês quer. Se não quer é o urubu e fica quietinho...

Vento dando traque e chuva na fita que tem - cuidadinho com eles, já viu ?...

Salve Camilly, a rainha do rego! Vale mais que meia empadinha, das grandes com recheio quase caprichado. Tá bem fresquinha de anteontem, cai de boca sem medo. O uso do cachimbo é que faz a nicotina, isso desdo os tempos do mamão e do guarda-vestidos, com direito a frevo e farinha...

Rato bebendo cana e banana metida à maçã - cuidadinho com eles, já viu?...

Lanche de meia banda de arface e vida que nem torresmo ladeira acima pro baixo e tudo a mesma nanta, um narciso só. Seu Coelho fazia que nem melão, sova quando dava, tiro nunca, meu parabélum de Nanuque, quem ouve, ouve no couro da onça feita de banana chinesa...

Cachaça bebendo pinguço e macaco usando papel pra escrita - cuidadinho com eles, já viu?...

Tá lá no hinário, não tem escape, Mosca parece bailarinho, tapa nas beiças chegou de repente, foi no meio do candomblé, eu vi sim e muito, muito, mais muito mesmo. Era pastelzinho de saco grande, bendito pacote de meio e mais. Eu me esqueço de tudo que não me lembro, ah, esqueço mesmo...

Baleia dando piscada e menino rezador de Monte Santo - cuidadinho com eles, já viu?...

Na palavras todos os benditos possíveis, eu nem conhecido sou, usei máscra sem querer, queria mesmo era no toicinho e sem bagaço, viu melada? Até merdica no pão vai de doce, pois não? Mais de mês sem banho qualquer jaburu fica possesso...

Eu faço tatu sair sambando de lá e a minha tralha pesa muinto - cuidadinho com eles, já viu?...

Moça coroca sai da butaca de dar nos nervos, eu sou o que sou até não ser e mais. Picasso que fique na dele, eu no meu esmero e no meu esmeril, quem sabe o armoço eu agaranto. Na subida do cego quase tive um treco, assim, assim, que o diga o Benjamim, nem eu e nem tu...

Fandango de quiabo e cabelo caprichado pra escola velha - cuidadinho com eles, já viu?

Sou a alma do povo sem alma, monte de pedra em voadora, fazendo ziu por tanto ar que nem me lembro mais. Um monte por dia de tamanho bom, sou nem mau, isso é que não. Curuca é que sou e nem bandido de trama vira meus beiço de lado. O sorriso do meleco dava o que faze...

Burrié de pobre e saco quase que encolhido no seu cantinho - cuidadinho com eles, já viu?... Sim, sinhô...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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