De boca aberta, de mão estendida,
Pedindo humilhantemente alguns trocados,
Para seus muitos filhos esfomeados:
É a vida, é a vida!...
De olhos abertos, com sua visão ferida,
Olhando para os mais inexistentes amanhãs,
Tentando os mais insanos de todos os afãs:
É a vida, é a vida!...
De ouvidos atentos, a fera está prevenida,
Tem que se preparar para qualquer surpresa,
Senão de caçadora vai se tornar a presa:
É a vida, é a vida!...
De boca fechada, fingindo-se fraca e tão forte,
Possui em si toda uma insuperável calma,
Para pegar o corpo e também atacar a alma:
É a morte, é a morte!...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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