Eu sou o
dono de todos os bonecos
Mas não os
escolhi
Vieram em
bando
Cada um em
seu tempo próprio
Ainda sobra
vergonha na minha cara
Para alguns
sacrifícios
Não tenho
medo de altar algum
E nem meu
sangue vale uma moeda
Teu grito
meu grito nosso grito
São símbolos
de uma nova litania
Num bazar de
coisas velhas
Encontrei
algumas estrelas
Ser livre
mesmo sob grilhões
É o maior
feito possível
Nunca
poderão tirar o que não tenho
É o maior
dos enganos
Os rios são
brutos
E o mar é
tão delicado
Meus quadros
pintados à alma
Todas essas
cores
As que gosto
e as que não
Uma boa dose
de insistência
E uma pitada
de teimosia caem bem
Fui
testemunha de muitos crimes
Principalmente
os não-existentes
Fugirei de
mim
Já marquei
até horário
Pena que me
esqueci
Meus leques
e meus tapetes-voadores
Confirmaram
presença
E a tribo
inteira virá também
O cacique me
deu um souvenir
E o pajé me
chamou para fumar
Uma lata de
biscoitos basta
E três
pedras achadas agora
Foi sarampo
e não maleita
O que me
fechou as janelas
Naquele janeiro
que não foi
Um fio de
barba ou de bigode
É um firme
contrato
Há bodes em
todos os cantos
Até na boca
de famosos
No beco dos
poetas
Encontrei
uma garrafa
Com um resto
de fantasia
E a pólvora
não me fez mal...
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