quinta-feira, 11 de maio de 2023

Uns Temporais, Nuns Temporais (Maracatu do Nada)

Para tocar minha lira,

O que a vida coloca ou tira,

Fere, mata ou faz chorar,

Se é verdade ou mentira,

Quem sou eu para julgar?


Não é nada, não foi nada,

É o tiro mais certeiro, 

Tombo do alto da escada,

É carnaval sem fevereiro,

Grito na madrugada...


Para passar minha banda,

Sem quizila, sem demanda,

Inda há muito o que lutar,

O meu canto e a ciranda,

Tudo um dia vai parar?


Não é nada, não foi nada,

Foi um gole sem gosto,

Abrimos a porta errada,

Foi aquele tapa em meu rosto,

Foi a poeira da estrada...


Para chegar meu maracatu,

Que vem chegando seminu,

Que esqueceram de pintar,

Que já perdeu o seu azul,

Quem sou eu pra reclamar?


Não é nada, não foi nada,

Foi apenas mais um susto,

Foi um tombo, uma topada,

Teve um preço, um alto custo,

Foi aquela febre danada...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...