terça-feira, 30 de maio de 2023

Solo de Orquestra

 

Liturgia de uma solidão

O trânsito agora está parado

Há alguns pássaros estáticos

E não há o que fazer...

Eu morrerei nos próximos segundos

Mesmo que demorem anos...

A saia dela roda na solidão

E apesar da plateia estar vazia

Ouvem-se muitas palmas

Entre o brilho de tantas luzes...

Eu beberei todo o vinho existente

Um copo atrás do outro...

Eu pisei numa jovem serpente

E mesmo assim saí incólume

Nem as pedras me ferirão

Tempo pelo menos nisso ajudou...

Eu ajeito meus brancos cabelos

No espelho cheio de manchas...

Numa sala cheia de quimeras

Escolho algum dos quadros

Onde esteja palidamente expresso

A história que ainda não vivi...

Quebro alguns dos meus vidros

Com a mesma covardia de sempre

Para fabricar mais outras estrelas

Para povoar esse meu céu vazio...

Não faço questão alguma

Mesmo calado ainda estou aqui...

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