sexta-feira, 26 de maio de 2023

Quantos Livros Cabem Num Poema?

A perfeição é a último pacote na bolacha

Um coral de castrati cantam mambos

Na casa do ferreiro servem espetinhos

Fui aplaudido de pé por todos meus mortos

Eu durmo mais cedo em todas as manhãs

O dinheiro é lixo na boca do avarento

O cotidiano é um tarado correndo nu na rua

Eu costumo sempre fazer perolas caseiras

Essas joias de joias não têm porra nenhuma

O menino de óculos nunca foi bem-educado

As feiras livres nunca foram tão presas

O pão com mortadela será servido às duas

Toda cantiga agora virou um blá-blá-blá 

O miserável bate pandeiro na tampa da panela

Fui no banheiro como quem acha um tesouro

Kant e Bukowisk acabaram saindo na porrada

Eu só uso meias se estiver tipo meio distraído

Minhas feridas possuem meu tamanho exato

Minhas intenções contigo são as piores possíveis

Toda cerveja precisa apenas de um ajuste

Toda vez que durmo acordo com cara de peixe

O trivial absoluto acaba me fazendo muito mal

Faça-me o favor de não me fazer favor nenhum

Acreditar é bem mais fácil do que duvidar 

Vamos pular linhas como quem pula amarelinha

O preso aumentou de peso e foi quase agora

Todas as frases são fases de um bando de ariranhas

Não tenho cacife para chegar pertinho de Recife

Toco meu bumbo em toda minha arrogância 

Esse charuto eu achei bem ali na encruzilhada

A felatriz bem no fundo é uma excelente pessoa

Acho que aos poucos serei mais um pouco

Confie em mim com toda desconfiança evidente

Não sei quanto custa um astronauta para vir dançar

Nós fazemos tanta merda e estamos que é bom...


(Extraído do livro "Manual Prático de Poesia Absurda para Desesperados" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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