quarta-feira, 10 de maio de 2023

Apenas Palavras

São apenas palavras...

Ditas e malditas,

Presas na garganta

Com muros de dentes

E porta de língua...


Coletivo de epitáfios, todo número é o que resta, entre sóis e chuvas, sucessão de dias e noites no abismo do esquecimento. Nunca mais seremos os mesmos...


São apenas palavras...

Ensaiadas ao acaso

A quebra do silêncio

No meio da madrugada...


Jardins esquecidos e mal cuidados, até o óbvio é agora desconhecido. A verdade se tornou a mais evidente de todas as nossas mentiras...


São apenas palavras...

De sussurros e de feiras

Onde cada um de nós

Tenta assim sobreviver...


A roupa suja e rasgada e o terno mais elegante, cobrem a nudez de nossa natureza. Sem dogmas ou regras, tudo acaba funcionando do mesmo seu jeito...


São apenas palavras...

De gestos e de ventos

Que acabaram de nascer

E que morrerão amanhã...


O poeta repete tudo, até aquilo que talvez não tenha falado. O teatro continua o mesmo, as palmas podem acontecer ou não. Não há bula para ser conferida...


São apenas palavras...

Ditas e malditas,

Presas na garganta

Com muros de dentes

Mergulho dos lábios...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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