sábado, 31 de março de 2018

Solidão


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Mata mais que o câncer
Mata mais que a aids
Mata mais que o suicídio
A solidão
Porque é como estar morto
Funcionando as funções vitais
Porque é como estar de olhos abertos
Para a cegueira
Porque é como estar
Sem estar em lugar algum...

Mata mais que a guerra
Mata mais que a fome
Mata mais que a bala perdida
A solidão
Porque é como ver todas as cores
Sem ter mais cor nenhuma
Porque é cantar bem alto
Para o fim de tudo
Porque é como rir
Apenas com motivos de tristeza...

Mata mais que o infarto
Mata mais que o AVC
Mata mais que o atropelamento
A solidão
Porque é como saber de tudo
E se perder a noção de quem se é
Porque é como se estar ali
Mas não ter mais noção de espaço
Porque é como querer o fim
Mas faltar até o começo...

Mata mais que a morte
A solidão...

Pesadelo


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Olhos arregalados
Tudo espanta
A lâmina afiada
Na garganta
O próprio tempo
O tempo conta
E eu sinto a dor
Da sua ponta
É hora de viver
E falta o ar
Tudo me dói
Até respirar
Rosto tão feio
A cara medonha
E nela um sorriso
Com a sua peçonha
Mãos pegajosas
Garras ferindo
Meus ossos tremem
Estão se partindo
Escuto o grito
É ensurdecedor
E nada adianta
Nem mesmo a dor
Aquele ser é cego
Pela catarata
Mas tudo vê
E tudo mata
Suando e tremendo
Por fim acordo
Tudo foi ruim
Tudo me recordo
Silêncio! Sem barulho
Do meu lado dorme
O motivo do susto
Um monstro enorme...

Meu Amor, Segure a Minha Mão

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Meu amor, segure a minha mão... É tão normal ter medo... Nenhuma alegria é suficiente e nenhuma festa é demais... É por isso que peço que sorrias o tempo todo, mesmo quando o tempo fechar e assim chegar os temporais...
Meu amor, segure a minha mão... Eu tenho medo do escuro... Não desse escuro da noite, os escuros da noite são normais... Mas desse escuro da vida e de maldade dos homens... Que abrem nossas feridas e invadem nossos quintais...
Meu amor, segure a minha mão... Está me dando muito sono... Mas este sono já está demais... Eu ainda tenho muito o que fazer... Ainda existem terras e têm mares... Já me esperam as velas do cais...
Meu amor, segure a minha mão... Está quase pronta a nossa fantasia... Mas ainda faltam os carnavais... Desculpe se sou desse jeito antiquado... É que os meus dias foram ficando lá atrás...
Meu amor, segure a minha mão... Cante qualquer coisa bem baixinho... Não precisa de versos e nem de frases especiais... Fale que o mal acabou, que o sonho chegou... Que o prédio caiu e que alguém me notou...
Meu amor, segure a minha mão... Chegue bem perto de mim... Assim, assim e assim... Não tenha nenhum medo... Afinal, eu nem sou tão ruim... E posso contar um segredo...
Meu amor, segure a minha mão... Prometo não falar complicado, prometo não chorar se não for amado... A vida é assim, cada um escolhe seu lado...
Meu amor, pode largar a minha mão se quiser... Pode até partir... Pode ir embora... A minha alma já está á dormir... E a minha alegria chora... 
(Para Myllena, com todo o carinho do mundo...)

Sucessão


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As coisas se sucedem
Como pedintes pedem
E pedem para ficar
Possuem medo de lá
Não sabem que o lá é livre
E até lá que se sobrevive
Esqueça que a hora demora
Nem tudo é tudo agora
Levei nove meses pra nascer
Levarei um segundo pra morrer
Morrer de fome ou de tédio
Sem abrigo amor ou remédio
Sem presente sem passado
Com tudo certo ou errado
Com dentes ou com nenhum
Sóbrio demais ou bebum
A fila vai então andando
O que você está esperando?
Aproveite enquanto é dia
Sinta tudo que pode e ria...

Eletrochoque


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O medo veio
O medo me deu um toque
Não tenha medo
Hoje tem eletrochoque
É apenas uma bomba
Nada mais que sufoque
Apenas mais uns segundos
Como se fosse um rock
E a explosão na minha mente
Na minha mente demente
Um corpo são
E a compulsão
Num corpo doente
Se liga na tomada
Um choque e mais nada
O medo veio
O medo me deu um toque
Não tenha medo
É só um eletrochoque...

Cada Poema

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Cada poema que faço
É minha alma voando no espaço...
Indo onde não posso ir
E já não sei mais quem sou
Só sei que sou quem amou
Pássaro à voar ou à cair...

Cada poema é um parto
É trazer o mundo para o quarto...
É matar a minha solidão
É espantar meu próprio medo
É descobrir todo e qualquer segredo
Que está trancado no coração...

Cada poema é um filho
É uma estrela com o próprio brilho...
É uma força que não controlamos
E que pode até nos controlar
É um quê e um querer amar
Mesmo quando nos desesperamos...

Cada poema é uma estrada
Que pode dar em tudo ou em nada...
Sangram os pés e os olhos se molham
Mistura de mil sensações diferentes
Dias de luto ou segundos dementes
Enquanto muitos nem nos olham...

Cada poema que faço
É minha alma voando para o espaço...
Não sei se chegarei lá algum dia
Mas tentarei até não haver o que sangrar
Eu os guardo comigo e hei de guardar
Até fugir a tristeza e vir a alegria...

sexta-feira, 30 de março de 2018

Pergunte ao Bispo


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(Poema em Homenagem ao Incomparável Arthur Bispo do Rosário)

Pergunte ao Bispo
Ele responderá todas as suas indagações
Pergunte ao Bispo
Ele tem todas as explicações

De que a arte sobrevive
A qualquer uma adversidade
Que a alma sobrevive
E vence a perversidade

A alma é livre como passarinho
Mesmo com o corpo cativo
E ela segue o seu caminho
Basta apenas estar vivo

A alma festeja todos os dias
Não é preciso estar alegre
Ela fabrica suas alegrias
Mesmo se a morte persegue

Vamos todos então vivendo
Vivendo até onde vai dar
E cada dia mais aprendendo
O que o destino nos ensinar

Pergunte ao Bispo
Ele responderá todas as suas indagações
Pergunte ao Bispo
Ele tem todas as explicações...

Revertere


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Centopeias percorrem alamedas em passos claudicantes
Como são leves e graciosos todos os nossos elefantes
Nunca tivemos outras mais estacionárias estações
Enquanto vamos cuidando bem de nossos escorpiões
Eu pus em ordem todos os documentos da estagiária
Sobre elucubrações filosóficas de sua vida imaginária
Está melhorando cada dia mais nossa política do carvão
Patos e patas foram as vítimas de uma nova explosão
Conceitos antigos devem ser bem assim resguardados
Porque senão haverão cartas de tarô para todos os lados
Por falar em cartas de tarô como vai você dona Cigana?
Ainda possui aquela mansão vitoriana lá em Copacabana?
Carlos Alfredo nunca mais mandou notícias nunca mais
O corpo de bailarinas já sabe escolher agora seu gás
A tela das janelas se mela e agora é o que temos e só
Foi sábia decisão do tímido garoto comprar grãos em pó
Eu fumo cigarros ou os cigarros é que estão me fumando?
Com gestos adequados as lontras-marinhas formam um bando
Escutei a mesma piada quinhentas e dez vezes até entender
É sempre a mesma função do morto ele que viveu morrer
Bico Doce Bico Doce não faça mais essa cara de safada
Dona Amália sabe dos ventos que andam por essa estrada
Eu até que estou agora ficando um tanto quanto bonzinho
Só falta ainda aprender a diferença entre a flor e o espinho
Catuléia Catuléia cata seus papéis pela praia do Cardo
Já aprendeu todas aquelas manhas do Jogo do Leopardo
Eu nunca tinha vista antes uma inigualável promoção
Estão vendendo uvas e bolas de gude e roupas de verão
O japonês tatuado me fez alguns gestos pra lá de obscenos
Que dia será que é hoje? Esse eu nem sei pelo menos
No pátio patinávamos cantando o nosso hino nacional
Os integralistas têm a torpe mania de só biscoito integral
Eu sou o Rei do Gado e também sou o General da Banda
Comprei direitos exclusivos sobre o quintal e a sua varanda
Os mendigos de Siracusa agora também são novos estetas
As carpideiras assistem no vídeo o vídeo dos Três Patetas
Ontem mesmo assinei a carta de alforria de mim mesmo
Não há coisa melhor no mundo que laranjada com torresmo
Caça caça meu caçador quero ver você ir já pra lá caçar
Cada vez que você me odeia sinto mais vontade de chorar
Poderia escrever muito mais e mas vou parando por aqui
Tomei também remédio de pressão e quero fazer xixi...

Mais Um

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Mais um...
Mais um para fechar os olhos,
Para deixar de respirar o ar sujo,
Para não ter mais medo do dia
E nem das injustiças que acontecem por aí...

Mais um...
Mais um para desesperar parentes,
Para ser comentário de todos que saibam,
Nova despesa imprevista quase sempre,
Comoção que dura apenas alguns dias...

Mais um...
Talvez um livro contando piedosas mentiras,
As palavras quase sempre nunca são exatas,
Os fatos são esquecidos lá do lado de fora,
Nem o autor conhece mais sua história...

Mais um...
Uma notícia nas páginas de jornais se interessa,
O locutor com seu jeito indiferente e profissional
Alguma nota na internet quando muito,
Notícia que agora corre pelo ar do mundo...

Mais um...
Uma frase tímida numa lápide tranquila,
O medo dos que passem por entre destinos acabados,
Tudo é tão igual apesar de tão diferente,
E a saudade construindo falsos deuses e falsos heróis...

Mais um...
Apenas um número em frias estatísticas...

Revertere No 2

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As pedras tumulares estão planejando fazer aquela festa
Cada participante vai ganhar uma tatuagem bem na testa
Trinados cantores fazem um mais nobre e requintado paladar
Enquanto as lembranças mortas já se esvaíram pelo ar
Eu não! Eu não! A aranha da Espanha nunca me estranha
Foi ela que pôde e fez a maravilhosa e ímpar façanha
De rezar orikis em yorubá arcaico em sentido contrário
Enquanto arrumavas suas roupas de baixo no armário
Esse perfume já está me deixando um tanto quanto enjoado
A casa de madeira é feita somente de cimento armado
O tatu acabou fazendo as suas tatuagens mais maneiras
Estamos mais felizes ainda com a nossa Dança das Caveiras
O senhor bispo fez pela primeira vez os seus próprios pães
Isso era para ser feito pelas madrugadas mas foi pelas manhãs
Eu sempre me recusei a ouvir notícias de estômago cheio
Sei como fazer as mágicas mais fantásticas porque sou do meio
Aqui nunca mais se faltou qualquer circunstância sem falta
As pequenas pedras daquele riacho sofrem de uma febre alta
Fernando se especializou em fazer as mais hediondas caricaturas
E isso só realiza quando está navegando lá pelas alturas
Uma La Ursa só sabe as coisas que ela mesmo sempre diz
É bem melhor ser apenas um tolo do que ser um infeliz
Seja solidário e doe para a nossa mais magistral campanha
De ajuda os pobres milionários e a eles nunca acanha
Pão integral e piadas sem propósito não fazem mal à ninguém
Eu já andei voando mas nunca que roubei aquele trem
Fazem quantos anos que já morreu o Ibraim Sued?
Parece quem o ontem é mais educado e sempre me pede
Manjericões e rendas são ingredientes para qualquer pudim
Eu sou tão simplesmente mau e ninguém tem pena de mim
Os camarões camaroneses estão de férias no Rio de Janeiro
Esqueceram que os marços sempre caem em fevereiro
Os milagres acontecem quando olhamos a imagem da santa
E fazemos novamente frango para a nossa feliz janta
Nada contra as opiniões alheias desde que não as entenda
Hoje mesmo já fui na feira comprar uma nova venda
Está uma votação bem acirrada lá no nosso Congresso
Para ver qual a borboleta que agora faz mais sucesso
Estamos em cada esquina mas nunca saímos de casa
O meu dragão esqueceu de lubrificar a sua asa
Remédios são confeitos feitos em feitorias de Portugal
Explicações on line acabam sempre me fazendo passar mal
Vá que eu nunca mais faça outros versos com esse azeite
Mas quem tem mais do que dois olhos então me aceite
Amor! Eu não lhe vejo nunca já faz mais de dois mil anos
Mas só em lhe ver tenho o mais absurdo dos planos
Eu aqui no meu cantinho escutando silêncios e discos
Faço de conta que não tenho mais nenhum dos riscos
O que consumo me atordoa e me também me entorpece
É minha alma que aos poucos dorme mas não adormece...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 29 de março de 2018

Mágica


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A mágica do nada acontece
Quando estou sonhando
Quando estou delirando
Quando a vista escurece

A mágica do meu próprio eu
A mágica sem alguma ciência
A mágica da minha inconsciência
Do sentido que se perdeu

A mágica do riso descontrolado
Quando eu apenas quero rir
A mágica sem aqui e sem ali
Mágica sem face e sem lado

A mágica se realiza em tudo
Em todo e qualquer um canto
Eis aqui o derradeiro encanto
No qual até eu me iludo

A mágica do nada acontece
Quando estou sonhando
Quando estou delirando
Quando a imaginação cresce...

Resemure

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Estou sentindo meus pés dormentes
Invado as cercas e mato os quintais
Estou em todos os presentes
Quero respirar e não quero mais
Trancar assim todos meus dentes
Estou ali perto nos coqueirais
No peito doce de alguns doentes
Eu faço as bandeiras e peço paz
Caldeirões de vidro tão presentes
Claro absurdo de colibris no cais
Me lembro de algo vagamente
Talvez alguns amores nos Cascais
E canto sem nunca sobriamente
Ter visto de perto tanto lilás
O gelo é só um fogo ardente
A madeira se queimou pedindo zás
Eu perdi a corrida bem na frente
São os longos dias de São Brás
Existem agora pedras cadentes
Cercando todos os pontos cardeais
E os alpistes têm gosto diferente
E a música me esgotou cedo demais
Casamatas de ritmo mais frequente
Nem de perto tem o gosto de aguarrás
Do pecado original fui conivente
Na conivência dos meus ais

O Naufrágio


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Como saltimbancos andamos por aí
Na sublime arte de tentar existir

Na corda bamba andamos sem cair
Esperando o que certamente há de vir

Maravilha maior que a vida nunca vi
É maravilhoso poder estar por aqui

A vida é como um barco que navegamos
Sem saber como e aonde que nós vamos

O barco um dia vai atracar todos atracamos
É a morte que vem sem que ao menos saibamos

Onde é que ela está e assim mesmo esperamos
Tudo vai terminar e nós também terminamos

Sei que nesta vida existem muitas e muitas ilusões
Que magoam os corpos e ferem nossos corações

Mas há também muitas alegrias muitas diversões
E existem muitos jardins para cada um dos leões

Vou levando meu barco que ainda não naufragou
Sem saber na verdade nem aonde é que estou

Corredores enfermarias pátios tudo se complicou
E ainda por cima às vezes nem mais quem eu sou

Mas vale ainda a pena se tudo corre e nada parou
Vamos então pra outro dia que ainda mal começou...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...