quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Poema Cego

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Não verei mais as tristezas de então
como moscas voando sem rumo
é tão difícil chorar por pouca coisa
não falarei de mais nada por enquanto
assistamos impassíveis as tragédias
que andam soltas por aí em bando
eu quase que não reparei meu Deus!
na mocinha do filme pornô de terceira
tudo já está muito estranho agora
e devem existir muitas guerras pelo mundo
não fui eu que fez o mar! mas a areia...
seguem muitos pés seu só destino
e as aves em bando sem sequer explicação
tudo não passa de vagabundas nuvens
que amanhã certamente não estarão lá
o tempo é tempo enquanto ainda é tempo
e só me resta um tênue fio de um respirar
os meus discursos são infalíveis se são
é porque encontrei mil e uma maneiras
de escapar de algumas filas que se formam
a estrada é longa! dizem os filósofos
galgados nas mais certas incertezas
porque é nas mesas que estão as justificativas
não quero e não quero mesmo piedade
o mundo é o suficiente e este me basta
anotei em um caderno todas as decepções
e confesso que fiquei decepcionado por isto
onde está a escada que deveria tentar subir?
até alguns demônios tiraram folga hoje
e nessa hora sua face acabou tendo inocência...
eu acabo tendo várias vertigens continuamente
e nem por isso o medo me faz tremer de frio
coloque a água para o chá que eu sirvo a mesa
desde muito tento amansar estes leões
quanto mais me desespero mais me acalmo
e essa calma pode ser deveras tão perigosa...
deixe que eu limpe todo o suor de minha testa
a água cobriu-me os olhos e estou cego...

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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