Pode ser que um dia a minha alegria se revolte, venha com os punhados cerrados, enfrente a tristeza e ocupe o seu lugar de direito. Neste dia os pássaros cantarão mais um pouco, sem o seu compromisso diário. Ora vejam! Os pássaros estão cantando, comemorando que existe menos um triste...
Pode ser que uma hora dessas a dor se canse, tenha um pouco mais de pena de minhas pobres carnes, de meus pobres ossos e, meia sem jeito, acabe indo para longe encontrar algum outro motivo para estar...
Pode ser que meu canto retorne, meio sem jeito, pedindo desculpas porque não ficou quando mais eu precisava, na hora em que eu pedi socorro e não fui ouvido e a festa retorne do ponto em que parou...
Pode ser que o próprio medo acabe fugindo, escolhendo a noite de maior escuridão e faça suas novas vítimas entre os tolos que preferem a comodidade à justiça, o lucro à compaixão. Os habitantes da noite sabem fazer seu papel...
O sonho venha meio encabulado, disfarçando como se não houvesse acontecido nada e domine meu ser mais uma vez, como deve fazer com todos os homens, todos devem estar acordados e mesmo assim como que dormindo...
Quero enxergar novas cores, sentir novos gostos que não provei, andar por terras que um dia quis, mas a vida acabou me deixando no mesmo canto, entre o tédio e a aflição...
Pode ser que o amor chegue de forma magistral, com a pompa e a circunstância que chegam todos os amores, porque até a simplicidade deles é divina e, neste dia, não me fira mais e trate mesmo de curar todas as feridas que ele mesmo fez...
Pode ser que os meus versos saiam de vez de onde vieram e ainda persistam depois da morte mais do que certa que vem ao encontro de todos nós...
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